No ano em que a Igreja católica celebrou São Paulo e o mundo ainda celebra os 200 anos do nascimento de Darwin e os 150 da publicação de “A Origem das Espécies”, é legítimo perguntar: “A escala nos Galápagos teria sido a estrada de Damasco de Darwin?”
A pergunta é colocada por Jacques Arnould, em “Requiem por Darwin” (ed. Gráfica de Coimbra 2), tal como a resposta.
“O risco de fazer Darwin o São Paulo de uma nova religião – a evolução –, o fundador de uma igreja moderna – a do darwinismo –” é enorme. Mas “Darwin não tem nem a energia de um apóstolo, nem a tenacidade de um revolucionário; basta-lhe não duvidar da veracidade das suas observações, hipóteses, teorias, nem da confusão que iriam certamente provocar”.
“Requiem por Darwin”, escrito por um francês, consegue em certos pontos citar franceses mais ou menos contemporâneos de Darwin, a propósito e a despropósito – o que para alguém que não é francês parecerá sempre a despropósito.
Mas é um livro de leitura muito sugestiva, ultrapassadas algumas idiossincrasias. Tem-se uma boa noção do trabalho e significado de Darwin, da recepção pelas igrejas anglicana e católica da sua obra, do próprio cientista enquanto pessoa. O livro cita, por exemplo, a lista de motivos elaborada por Darwin para se casar ou não se casar. Darwin não deixava nada ao acaso. Era tudo muito ponderado, racionalizado, não pré-determinado pela biologia – quer dizer o autor.
Charlie casa-se com a prima Emma em 1839.