Bento Domingues, no Público de hoje, glosando Kennedy, que aconselhava aos jovens que não perguntassem sobre o que o país poderia fazer por eles, mas antes o que poderiam eles fazer pelo país:
"(...) Se renunciarmos à esperança de fazer do mundo uma fraternidade universal, que andamos a fazer? (…) O Reino de Deus é fruto da sua graça, mas não substitui a lentidão da natureza, nem os sobressaltos incontroláveis da liberdade humana. Não perguntes o que pode Deus fazer pelo mundo; pergunta, antes o que andas tu a fazer pelo mundo de todos (Mt 25,31)".
Anselmo Borges, no DN de ontem (aqui), diz que "a Caritas in Veritate foi recebida com indiscutível interesse".
E acrescenta isto: "O debate público à sua volta revela a grande autoridade do Papa não só no mundo católico, mas também entre políticos e organismos internacionais. Vários media mundiais de referência consagraram-lhe o editorial, sublinhando a sai importância e até a sua inesperada orientação à esquerda".
No DN de hoje, Alberto Gonçalves refuta a orientação à esquerda da CV. "A terceira encíclica de Bento XVI, "Caridade na Verdade", ou "Amor na Verdade", foi lida com certos abusos interpretativos. Nela, ao contrário do que se fez constar, nem por uma vez o Papa rejeita o mercado livre ou a globalização, e explicitamente refere que não pretende sugerir modelos de organização política ou alternativas ideológicas, aliás áreas incompatíveis com a religiosidade e a moral individuais e privadas de que o teólogo Ratzinger trata. Por azar, a subtileza do tratamento é excessiva para os que imaginaram nas suas palavras um apelo à "reinvenção" do sistema económico e, claro, um ataque à «ganância»" (ler mais aqui).
Pelo que já li, e no que à pretensa tendência esquerdizante diz respeito, parece-me que Alberto tem uma percepção mais acertada do que Anselmo.