Ontem deu na RTP2 um documentário sobre os cristãos evangélicos dos EUA: “Amigos de Deus”, escrito, dirigido e narrado por Alexandra Pelosi (na imagem), da HBO. Não o vi todo, porque foi numa sessão de zapping que dei com ele, mas do que vi pensei que:
* os evangélicos norte-americanos têm um sentido de comunidade que, julgo, nenhuma comunidade de católicos na Europa tem;
* os evangélicos sabem dizer em duas ou três frases aquilo em que acreditam: que Jesus é o Senhor e dá a vida eterna (vi criancinhas a citarem Jo 3,16 com uma desenvoltura impressionante); que a Bíblia é orientação e palavra definitiva; que a América é a pátria da liberdade e onde a fé cristã pode ser praticada… Mesmo o criacionismo, que obviamente não aceito (a Criação é teologia; a evolução é teoria científica; não colidem), é explicado com argumentos simples mas eficazes. O conteúdo está errado, mas o método, a retórica, os meios são interessantes do ponto de vista comunicativo.
* nós, católicos, teremos muito a aprender com documentários como estes; aliás, teríamos muito a aprender com a capacidade de comunicação dos evangélicos (em parte resultante da assertividade pragmatismo dos americanos em geral). Por que não hão-de os padres ou agentes de pastoral fazer um estágio numa destas comunidades?;
* os evangélicos sabem o que querem, mesmo politicamente, ainda que, como critérios para a escolha política sobrevalorizem as matérias de ordem da moral sexual e pessoal, como o aborto, a homossexualidade e as uniões gays, e ignorem os assuntos de ordem social;
* nas assembleias de adultos, nos encontros de juventude, nas sessões para crianças (por vezes acompanhadas dos pais) não havia fretes. Ninguém estava lá por favor – ao contrário do que vemos na maioria dos encontros católicos. Vibravam. O rock / pop cristão nos encontros juvenis tinha ares de rock / pop como os outros. Tinha o ingrediente de desejo e exultação que ainda não vi no rock / pop cristão português.
É sempre de espantar os combates de wrestling cristão ou a reunião dos clubes de automobilismo cristão, para além da cruzada anti-evolucionismo, mas os líderes católicos têm a aprender com documentários como este, quer dizer, com os evangélicos norte-americanos. Não é uma questão de conteúdos. É de meios e métodos. De forma.
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