segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A asneira franciscana da exigência divina do Big Bang


Eu acho que o Papa Francisco fez asneira ao afirmar o seguinte:

“O Big Bang, que hoje se coloca na origem do mundo, não contradiz a intervenção criadora divina, mas exige-a”, declarou, numa audiência aos membros da Academia Pontifícia das Ciências.

Li aqui.

Por estas e outras é que Stephen Hawking há de sempre repetir que, percebendo tudo da física, Deus não pode existir (por não ser preciso). A asneira pseudo-científica do Papa está, portanto, ao nível das habituais asneiras pseudo-religiosas de Hawking, que é (ou pelo menos era) membro da Academia Pontifícia das Ciências, pois, como disse, é um lugar onde se encontram muitos cientistas.

14 comentários:

Anónimo disse...

Quer, por favor, elucidar, para quem é leigo, qual é a asneira de Francisco?

Muito obrigado.

Anónimo disse...

Tambem podes criticar o Papa por ter enviado uma mensagem aos exorcistas, sabendo que nao acreditas que o diabo exista: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticias/vaticano/vaticano-papa-escreveu-a-associacao-internacional-de-exorcistas/

Moçambicano disse...

Concordo que de facto o "(...) mas exige-a" está a misturar Ciência e Fé.

Um cientista português que já foi citado neste Blogue, Carlos Fiolhais, escreveu em 2010: "As suas conclusões, por absoluta falta de informação observacional ou experimental, nada nos dizem sobre o que se terá passado antes do Big Bang. A questão sobre a causa deste evento primordial é perfeitamente legítima, mas não pode ser respondida pela ciência actual e provavelmente nunca poderá vir a ser respondida pela ciência futura.". Por isso a "não contradição" não está em causa.
Já não concordo tanto com Carlos Fiolhais quando continua: "Os astrofísicos não podem - nem aliás querem - provar a existência ou a inexistência de Deus.". Poder, não podem; querer, aí entram em acção por vezes, de um lado e do outro, os tais "intrincados factores sociológicos e psicológicos".

Não tenho o Papa Francisco por ingénuo ou fundamentalista. Dou-lhe o "benefício da dúvida", talvez houvesse algum "recado" nesta (aparente?) "asneira"...

Moçambicano disse...

Corrijo; "As suas (dos astrofísicos) conclusões (...)".
Peço desculpa pelo lapso

Anónimo disse...

Moçambicano: para a ciência não pode haver relação entre o Big Bang e Deus, pois não é competente a falar d'Este; mas para a teologia essa relação não só existe (a ter existido o Big Bang -- coisa que o Papa não afirma --) como deve ser claramente explicitada: tudo o que existe na sua autonomia relacional também devido a processos naturais, existe devido a uma intervenção divina.

Jorge Pires Ferreira disse...

Ao das 6:59: É um ponto muito criticável, sim. Uma boa parte dos exorcistas acredita que o diabo anda por aí a possuir pessoas. Colaborar na propagação deste tipo de asneiras é uma asneira. Outros exorcistas ajudam pessoas que pensam que estão possuídas ou inflenciadas pelo diabo. O Pai Natal também influência muita gente sem existir.

Jorge Pires Ferreira disse...

Terei de explicar por que é que é errado afirmar que o Big Bang exige a intervenção divina com mais palavras noutra altura. Mas repare-se que ele não disse "Criação". Disse Big Bang. Ora, há teólogos, como o de Aquino que puseram a hipótese de a natureza ser eterna e há cientistas que falam o Big Bang e do Big Crunch e o universo seria uma sucessão de infinitos Big Bang e Big Crunch. Se esta teoria de confirmar Deus fica em causa? Segundo Francisco, só pode. Mas ele está dar saltos entre campos que os bons filósofos e bons cientistas recomendam que não se dêem.

Jorge Pires Ferreira disse...

"Influencia" e não "influência".

Anónimo disse...

Deus também cria através do modo como se processa a evolução do e no Universo (e acerca desta evolução devem ser os cientistas a se pronunciar). A ter havido um Big Bang (questão que só a ciência pode dilucidar) o mesmo surge pois há a actividade criadora divina que permite a existência daquele. Não? Estou errado?

Euro2cent disse...

Os jesuítas têm aquilo que se poderia chamar uma "relação especial" com o "Big Bang": http://en.wikipedia.org/wiki/Georges_Lema%C3%AEtre

> Colaborar na propagação deste tipo de asneiras é uma asneira.

Uma afirmação tocante de fé na inexistência do demónio.

Infelizmente é possível que, parafraseando o camarada Bronstein, "You may not be interested in the devil, but the devil is interested in you."

Boa sorte.

Anónimo disse...

"Os exorcistas devem acolher àqueles que sofrem por causa do maligno"

Mensagem do Papa à Associação Internacional de Exorcistas, reunidos esta semana em Roma para o primeiro Congresso

Por Redacao

ROMA, 27 de Outubro de 2014 (Zenit.org) - "O amor e o acolhimento da Igreja àqueles que sofrem por causa da obra do maligno": esta é a primeira tarefa que os exorcistas são chamados a desempenhar "no particular ministério exercido em comunhão com os seus bispos". Escreve o Papa Francisco em mensagem enviada ao presidente da Associação Internacional Exorcistas (AIE), Padre Francesco Bamonte.

Esta semana a Associação realizou o primeiro Congresso em Roma, após o reconhecimento jurídico por parte da Congregação para o Clero, em junho passado.

O evento contou com a participação de 300 exorcistas de todo o mundo; tratou questões particulares, tais como a difusão e as consequências do ocultismo, do satanismo e do esoterismo, especialmente entre os jovens.

Anónimo disse...

Lá se vai o outro “Big Bang costela” dos Criacionistas…! Será que os Jesuítas também “trincaram” o fruto daquela árvore proibida, e abriram a pestana cognitiva!

Jorge Pires Ferreira disse...

Euro2cent, tem a certeza que o padre Lemaitre, do "ovo primevo" - o nome big bang foi aplicado à teoria de lemaitre pejurativamente, num programa da BBC, penso - era jesuíta?

Não é: "Creio na inexistência do diabo". Simplesmente, não tenho razões ou o que quer que seja para aceitar a sua existência. Também não me acontece crer na inexistência de sereias ou duendes.

E penso que, em certo sentido, é diabólico acreditar que o diabo existe. Ter fé nele - coisa que nunca a Igreja pediu -, então, é um absurdo. Quanto mais se fala do diabo, afirmando a sua existência, mais as pessoas pensam que ele age e mais supersticiosas se tornam. É exatamente ao contrário do que diz Baudelaire.

Euro2cent disse...

Lembrei-me dele porque já tinha visto referirem Lemaitre como jesuíta, mas possívelmente será erro - o artigo da Wikipedia meramente refere educação liceal numa escola jesuíta.

Um pouco mais ténue ...

> em certo sentido, é diabólico acreditar que o diabo existe.

Sofismas. No sentido contrário, é diabólico acreditar que o diabo não existe. Porque deixa o crente indefeso e presa fácil do mal.

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No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...