quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Polémica com judeus do Porto


No "i" de hoje. Lendo o que está na notícia, pois não tenho qualquer outro elemento sobre o assunto, lamentáveis parecem-me as atitudes e as palavras do líder da Comunidade Israelita do Porto. Até parece que eles, judeus, carregam para sempre o estigma de vítimas; enquanto nós, católicos, seremos sempre os verdugos. Como se eles tivessem o monopólio do sofrimento, quando a Inquisição também perseguiu católicos, protestantes e muçulmanos, e os católicos, seguidores do judeu que era judeu, tivessem o exclusivo da violência sobre os judeus.

E já que se cita Elias (do capítulo 21 de I Reis - "a vinha de Nabot"), convém citar outro profeta judeu, Ezequiel, que dizia que se devia abandonar o velho ditado segundo o qual os pais comem uvas verdes e os filhos é que ficam com os dentes embotados.

Não conheço o lider judeu do Porto, mas é bem sabido que alguns judeus não aceitam nunca o pedido de perdão dos católicos, mesmo de João Paulo II. Porque perdoar implica dar um passo em frente.

12 comentários:

Euro2cent disse...

> a Inquisição também perseguiu

Só se perderam as que caíram no chão.

Isto são técnicas de negociação. Tenta-se encalhar o adversário para obter melhor preço.

É fazer de conta.

(Perdoar? Isso tem tradução?)

Anónimo disse...

Já que neste blogue só há dois padres com lugar cativo-sim, os dois padres que a nossa imprensa tolera- junto a esta caixinha o último texto de Gonçalo Portocarrero de Almada:

Há católicos tão bem, tão bem, tão bem, que tratam Deus por tio. De facto, chamá-Lo pai seria ficar automaticamente irmã, ou irmão, dessa gentinha pé-descalça e malcheirosa que vai à Cova da Iria de xaile e garrafão. Tratá-Lo por Senhor seria reconhecer-se de uma condição servil, que está muito bem para as criadas e para os chauffeurs, mas que não é compatível com quem é, há várias gerações, gente de algo.

Os sobrinhos de Deus gostam muito de Jesus, porque Ele é superfantástico: andou sobre o mar e fez montes de coisas giríssimas. Gostam tanto d’Ele que até Lhe perdoam o ter sido carpinteiro, pormenor de gosto duvidoso que têm a caridade de omitir, sempre que, ao chá, falam d’Ele. Também têm muita devoção ao Espírito Santo: à família do banco, claro, pois conhecem-na toda da Quinta da Marinha e de um ror de sítios muito in, que tudo o que é gente frequenta.

Alguns foram a Fátima a pé e acharam o máximo. Levaram uns ténis de marca, roupa desportiva q. b. e um padre da moda. Rezaram imenso, tipo um terço, sei lá. O resto do tempo foi à conversa, sobretudo a cortar na casaca de uns quantos novos-ricos, um bocado beatos, que também se integraram na peregrinação (já agora, aqui para nós, mais por fervor aos sobrinhos de Deus do que a Nossa Senhora, mas note-se que isto não é ser má-língua, mas a pura verdade, à séria).

Têm imenso gosto e casas estupendas. Quando olham para um crucifixo em pau-santo, com imagem de marfim e incrustações de prata, são capazes de reconhecer o estilo, provavelmente indo-europeu, identificar a punção, pela certa de algum antigo joalheiro da Coroa, e a data, até porque, geralmente, é igualzinho a um lá de casa, ou muito parecido ao da capela da quinta. Só não vêem o Cristo, nem a coroa de espinhos, nem as chagas, que são coisas de menos importância.

Detestam essas modernices do abraço da paz ou da Igreja dos pobres, mas não é que tenham nada contra os pobres, apenas receio de doenças contagiosas.

Também não são muito fãs do senhor prior, nem do Papa Francisco, simplórios de mais para os seus gostos sofisticados. Mas derretem-se quando se cruzam, nalgum cocktail, exposição ou concerto na Gulbenkian, ou em São Carlos, com alguém que os fascine pelo seu glamour, pela sua cultura, pela sua inteligência ou poder porque, na realidade, o principal santo da sua devoção é o príncipe deste mundo.

Uma só coisa aflige os sobrinhos de Deus: que o céu, onde já têm lugar reservado, esteja mesmo, como se diz no sermão das bem-aventuranças, cheio de maltrapilhos.

1) Qualquer relação com a realidade não é coincidência, mas um azar dos diabos.


Albertino

Anónimo disse...


O comentário anterior está o máximo. O pior, é que corresponde mesmo à verdade.

Sei do que falo...

P.S.:Gostei particularmente da expressão " Os sobrinhos de Deus"

A.

Anónimo disse...

Sobrinhos de Deus. Ok. Mas o pior é a maneira como se vive. E se parássemos de criticar e construir um pouco? Ainda bem que fala no Papa. Que seja exemplo e modelo do Padre que a Igreja Católica precisa. Esse sim, o verdadeiro Padre.

Anónimo disse...

Agradeço ao Albertino o ter colocado aqui o texto.
De facto já me tenho perguntado porque não costumam publicar aqui os textos de Padre Gonçalo. De costume são cheios de humor e ironia, bons para ler entre o Frei Bento e o Padre Anselmo.

Talvez o Sr. Jorge não seja leitor do i.

Maria João Brás

Anónimo disse...

O texto foi publicado no Público...

Anónimo disse...

Bem, os comentários anteriores referem-se a outro “post” que não este.

Sendo católico descendente de judeus pela linha materna, não posso deixar de comentar esta notícia, que me suscita alguma inquietude.
A jornalista não deve saber o significado de guerra santa, mas isso é um pormenor secundaríssimo, o que me preocupa aqui é o facto de um rabino que não reside em Portugal e que sendo da facção ortodoxa do judaísmo tome uma atitude como esta. Ele não conhece a vida nem a obra do Padre Agostinho e não tem o direito denegrir a sua imagem (é disso que se trata) desta forma. O problema do rabino é falta de protagonismo, pois se fosse organizado por ele o centro interpretativo da memória judaica – e não um museu do judaísmo como diz na carta – já teria razão de ser. O dito rabino que viveu no porto apenas dois anos não deve ter tido tempo de conhecer tudo aquilo que já se publicou sobre os judeus em Portugal, sobre as marcas culturais que ainda persistem. Desconhece também que a igreja Católica pediu publicamente desculpa pelos actos cometidos pela inquisição, apesar de na maioria dos casos esses actos terem sido actos políticos – com o apoio de algum clero – e não verdadeiramente ou exclusivamente religiosos. Seja como for a igreja católica já assumiu os seus erros e pedindo perdão pelos mesmos, mas pelos vistos a capacidade de Perdão não abunda na mente do rabino Daniel Litvak. Este está a ser sectário com as suas afirmações esquecendo-se que os judeus não têm o monopólio das perseguições, (na actualidade os cristãos nomeadamente os católicos são os mais perseguidos e martirizados pelo mundo fora), no holocausto nazi não foram os únicos assassinados, com eles pereceram muitos católicos (leigos e religiosos), ciganos, homossexuais e portadores de deficiências. Muitos foram os católicos que ao longo da história ajudaram (e ajudam) judeus, lembro o Português Aristides de Sousa Mendes. Esquece Ainda que ao longo da história também abundam judeus menos bons, nomeadamente na ex URSS (Trotsky e Yuri Andropov por exemplo).
Este rabino a propósito de outro assunto diz que Portugal é um país tolerante:”Em Portugal é possível andar de kipá [pequeno chapéu usado pelos judeus] a toda a hora e em qualquer lugar. O preconceito contra os judeus não existe na população em geral…”, pelos vistos o preconceito só existe da sua parte e em relação aos católicos. Todas as comunidades judias em Portugal aceitaram participar no encontro ecuménico á excepção da comunidade Portuense mas pelo que li a missiva e a posição do rabino não espelham o sentir da comunidade do porto.
Mas para terminar (já me alonguei demasiado desculpem!) o padre Agostinho que tem feito um trabalho notável em prol das “ovelhas” que pastoreia, não merece ver denegrido o seu nome desta forma, como católico sebe dar e pedir perdão assim o soubesse o rabino Daniel Litvak.

José Pinto

Anónimo disse...

E porque não partilham os dois lados a administração daquele espaço? Viria algum mal ao mundo nisso?

Jorge Pires Ferreira disse...

Obrigado, José Pinto, pelos esclarecimentos e notas interessantes.

Jorge Pires Ferreira disse...

Obrigado, José Pinto, pelos esclarecimentos e notas interessantes.

Anónimo disse...

Caro Jorge não tem de quê!

Anónimo das 10:30h, claro que o espaço poderia ser dirigido em conjunto, mas lembro que o achado faz parte do centro paroquial e social de Nossa Senhora da Vitória administrado pela Paróquia, mais a conservação e recuperação dos achados deve-se á sensibilidade e conhecimento do Pároco Agostinho Moreira, de outra forma ter-se-iam perdido! Ademais foram efectuados contactos com a comunidade judaica do Porto e do seu Rabino, na altura o sr. Elisha Salas actual rabino da comunidade de Belmonte (que aceitou estar presente no encontro).

José Pinto

Anónimo disse...

historia lamentável que não pode de todo espelhar a comunidade judaica mas apenas a atitude disparatada de um dos seus membros - infeliuzmente com lugar de relevo nessa comunidade. Uma 'fragilidade instrumental' q posso apontar à comunidade judaica é o facto de não existir uma hierarquia e uma responsabilização (se estiver enganado corrijam-me por favor) como apesar de tudo existe na Igreja Catolica, pois se um padre católico tomasse uma atitude semelhante não tenho dúvidas q seria sériamente admoestado.
Jacome

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