Quando
o Papa escreve que “Esta economia mata. Não é possível que a morte por
enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de
dois pontos na Bolsa” (EG 53), está certamente a lamentar as vítimas do sistema
económico a preconizar mudanças. Mas a questão é:
-
estas mudanças são uma mudança de sistema (da economia de mercado para outra)? Ou mesmo “estruturalmente”,
como escreve Teresa Toldy no JL, por exemplo?
ou
-
estas mudanças são limites éticos, normas, códigos, valores, dentro da economia
de mercado?
Imagino
que alguém pode fazer o mesmo tipo de afirmação, por exemplo, em relação aos
acidentes rodoviários. “Este sistema rodoviário mata. Não é possível que a
morte por atropelamento de idoso ou uma criança não seja notícia, enquanto o é o
lançamento de um novo modelo de automóveis”. (Na realidade, os atropelamentos são
notícia, tal como o é, ainda que nem sempre, a morte de um sem abrigo - dependerá muito do tipo e âmbito do órgão de informação.)
Uma
eventual chamada da atenção para as vítimas da estrada estaria a preconizar um
novo sistema rodoviário (carros com seis rodas, motos com três, sentidos
desnivelados, velocidade máxima de 10 km/h) ou simplesmente a exigir que se
cumpram as regras legais e éticas de tal sistema? Por outras palavras, há
sistema alternativo à economia de mercado? Qual? A alternativa ao sistema rodoviário é ficar em casa.
2 comentários:
> A alternativa ao sistema rodoviário é ficar em casa.
Suponho que não tem prestado atenção às noticias sobre veículos autonomos ("self-driving"). Não falta muito para que os donos dos carros sejam proibidos de os guiar, resolvendo esse problema.
É uma questão de riqueza. Somos suficientemente ricos, como sociedade, para resolver esse problema técnico.
Idênticamente, o da fome e frio (e saúde básica), também podia levar um toque. Devia haver uma parte da riqueza nacional - desde direitos minerais a espectro radiofónico, passando por rendimentos dos sistemas de justiça e segurança - que fosse património público para distribuir por todos os cidadãos de pleno direito.
Já devia dar para umas sopas.
O sistema capitalista (liberalismo puro) é tão pernicioso como o sistema comunista e, julgo que o Santo Padre se refere a isso. È urgente um sistema económico com ética e valores cristãos, um sistema “misto” em que os estados não se desresponsabilizem dos problemas sociais, quando o Papa disse que os católicos deviam intervir activamente na politica, foi porque na politica faz falta a ética e os valores cristãos!
Nós católicos não devemos “pregar uma coisa e fazer outra”, até porque a fé sem obras é vazia…
José Pinto
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