terça-feira, 7 de maio de 2013

Um "bom colégio de padres" - anedota contada por Bergoglio

Esta história foi contada por Jorge Bergoglio no livro-entrevista publicado em Portugal pelas Paulinas (Francesca Ambrogetti e Sergio Rubin, "Papa Francisco, Conversas com Jorge Bergoglio"), na página 42:

Um rapaz judeu era expulso de todas as escolas por ser indisciplinado, até que outro judeu recomenda ao pai um «bom colégio de padres». E anima-o, dizendo-lhe que, certamente, ali o irão endireitar. O pai aceita o conselho. Passa-se o primeiro, mês e o rapaz porta-se muito bem, sem qualquer repreensão. Também não tem problemas de comportamento nos meses seguintes. O pai, levado pela curiosidade, foi ver o reitor para saber como é que ele conseguiu encarrilhá-lo. “Foi muito simples”, responde o sacerdote. “No primeiro dia agarrei-o por uma orelha e disse-lhe, apontando para o crucifixo: «Este era judeu como tu; se te portares mal, vai-te acontecer o mesmo»”.

Mas esta faz lembrar uma outra contada por Onésimo Teotónio de Almeida. Pode lê-la aqui.

14 comentários:

Anónimo disse...

Há várias variantes dessa anedota.

Uma delas conta de uma criança que tinha repetidamente maus resultados na escola, especialmente a matemática. Nenhuma escola, nenhum professor, nenhum explicador mudava o temperamento desinteressado da criança. Até que tentaram o colégio de freiras.

No primeiro dia, a criança chegou a casa em silêncio, dirigiu-se ao quarto, fez o TPC sem demoras e sem espernear e ainda estudou mais 1h30.

Esta alteração radical de comportamento manteve-se, dando azo às melhores notas da turma sempre na casa dos noventa e muito por cento, especialmente a... matemática!

Quando indagada por tão grande mudança, a criança responde:

- Pai, quando lá entrei e vi o tipo pregado no sinal "mais", percebi que as freirinhas não estavam para brincadeiras...




(Pequena correcção, pois sei bem que não é teu hábito: neste contexto, "conselho" é com "s"). :)

Ricardo

Anónimo disse...

Mário Soares voltou a atacar a Igreja portuguesa no DN. Umas palavras neste blog seriam interessantes.

Jorge Pires Ferreira disse...

Ao Ricardo, obrigado pela emenda.

Ao anónimo, Mário Soares estava no radar do blogue, como de costume, mas só daqui a pouco vou ler o que escreveu. Obrigado.

aj

Anónimo disse...



Se fosse para uma escola de católicos modernaços cedo lhe explicariam que a cruz é uma linguagem simbólica que a actual exegese bíblica esclarece perfeitamente.

Rui Jardim

Euro2cent disse...

(a história de 2009 ...)

"creia que aqui em Notre Dame estamos convencidos de que Ele foi crucificado porque… não publicou"

... tem mais graça se se conhecer o ditame dos meios académicos "publish or perish" - os professores sem publicações suficientes (em revistas cientificas, etc.) não têm "tenure", ou "provimento definitivo" como se diz na nossa paróquia. I.e. vão borda fora.

Peter disse...

Para quem está assim tão interessado no tema da cruz, que vá perguntar ao Ressuscitado o que é que vamos fazer da cruz que ali ficou naquele lugar! Ou vamos ficar aqui a discutir quem fica com os pedaços como parece que fizeram os outros com a túnica dele! Ele há realmente por aí muito boa gente que daria muito dinheiro ou se calhar ofereceria as suas teses de doutoramento sobre as “dinâmicas de uma cruz de madeira na economia da salvação” em troca desses pedaços para adornar as suas capelas privadas da alma! Em vez de olharmos e saborearmos o Vinho Novo, não, preferimos ficar como que extasiados numa borracheira filosófica-teológica monumental a olhar para o rótulo da garrafa enquanto o Noivo espera e espera pelos convidados para as Bodas do Cordeiro! E depois lá vai outra alma boa ter que voltar a repetir ao Senhor que o Vinho já acabou na festa da Ressurreição, tudo porque a Noiva se atrasou no caminho à procura da cruz que perdeu no caminho!

Jorge Pires Ferreira disse...

Ó Peter, trata-se de humor.Se se costuma dizer que a guitarra fica mal no funeral, permita-me que lhe diga que a sua reflexão (talvez apenas dirigida ao Rui Jardim, é certo) parece um sermão no meio se uma sessão de anedotas. Olhe que aquela frase de São Paulo de pregar a propósito e a despropósito não é dos seus melhores ensinamentos nos tempos que correm. A não ser que se complemente o "a despropósito" com uma grande dose de inteligência.

Anónimo disse...

Jorge, também fica por perceber (será!) totalmente qual a razão da inclusão de um tema tão sagrado como é o tema da cruz no meio de um post de anedotas, tudo bem!

Peter

Jorge Pires Ferreira disse...

Peter, como já deve ter notado, de vez em quando gosto de pôr aqui umas notas de humor de inspiração religiosa. Deus, Jesus e a cruz, entre outros, são temas sagrados. Mas nem por isso isentos da possibilidade de se fazer humor com eles, quando temos um líder a que Jesus chamou cefas, que é pedra, rocha e mesmo calhau.

O limite não é a temática; é a forma como é abordada, pelo que, naturalmente, há anedotas que aqui não conto. Nem me interessam.

Julgo que na anedota não se falta ao respeito pela cruz. Se se falta, e se já se queixou a mim, que a reproduzo, falta queixar-se a quem a contou.

Já agora, fique com esta, que Frossard garante ter sido contada por João Paulo II:

“O Papa pergunta a Deus:
- Senhor, a Polónia vai conquistar um dia a liberdade?
- Sim – responde Deus –, mas não durante a tua vida.
Então, o Papa pergunta:
- Senhor, depois de mim haverá outro Papa polaco?
- Não durante a minha vida – responde Deus.

Anedota citada na página 152 de "Recordações de João Paulo II" (ed.Lucerna)

http://tribodejacob.blogspot.pt/2011/01/outro-papa-polaco.html

Anónimo disse...


Extraordinário, Jorge! Se a coisa me é só dirigida a mim já passa -muito bem.

Mas olhe lá, as coisas não passam a ser humor pelo facto de o Jorge lhes colocar a etiqueta "Humor". Quem é que lhe diz que o que eu escrevi não me faz rir? Faz-me rir, evidentemente, e sobretudo de pessoas como o Jorge.

Rui Jardim

Peter disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Peter disse...

agora sem tanto erro..desculpe...

Jorge, eu não me estou a queixar a si nem tenho que me queixar a ninguém, e não individualizo a minha primeira resposta, embora a intervenção dos dois comentadores anteriores não seja de todo “inócua” e uma continuar a persistir (como já é habitual nas suas intervenções! A minha intervenção (a que chamou de sermão) vai mais na direcção de um sentimento sagrado que reside em mim como cristão, só isso, agora respeito totalmente as suas opções e escolhas neste espaço e a dos que aqui expressam a sua visão das coisas, a liberdade do outro é sempre para mim tb totalmente sagrada! E sim, ser cristão é ser alegre e ter humor, mas há sempre uma fronteira que divide o outro lado do Sagrado (penso eu)! E nem me passa pela cabeça que seja o contrário que o leve a manter tal espaço do humor com tais caminhos, longe e mim tal coisa!

Mas sim amigo Jorge, a verdade é que vou sentido e descobrindo cada vez mais, que a melhor opção para me manter “sóbrio”, (vai acabar por acontecer mais dia menos dia… eu bem ando a adiar pelo amor que ainda tenho à Igreja) é a de um caminho de cristão anónimo neste mundo como tantos outros que se “cansaram”, porque infelizmente, por mais que me custe dizer tal coisa ainda por cima conhecendo gente muito “sã e livre” como o considero também a si nesse caminho, a verdade é que o cristianismo oficializado nas suas vertentes, sejam elas católicas, protestantes ou outras vai-se degradando cada vez mais, e numa das vias que é um dos pilares da Fé, o lado muçulmano dá-nos lições de sobra, apesar do outro lado mais sombrio das suas loucuras humanas!


Jorge Pires Ferreira disse...

Caro Peter, só agora (andava à procura de algo que escrevi e que, diz um leitor, o ofendeu - ainda não encontrei) li o que escreveu às 1:43.


Revejo-me no que escreve sobre o "cristianismo oficializado". Julgo que todos temos de olhar para esse e pensar no que tem de bom e acolhê-lo com o que há de bom no cristianismo não oficializado. Deus é maior que todas as nossas conceções (o que não quer dizer que estejam erradas; algumas estarão; outras são completamente parvas; outras aproximam-se da verdade) e o Espírito sopra onde quer. E quer em muitos lados.

Percebo o que pensa das lições positivas dos muçulmanos, mas tenho dificuldade em separá-las das más lições e do fundamentalismo. Nem todo o Islão é fundamentalista, principalmente quando vivem nas sociedades democráticas, não árabes, mas tinha muita razão o que disse o Cardeal no Casino da Figueira. Não é politicamente correto dizê-lo, mas não deixa de ser pertinente. Mas estou a estender-me...

Peter disse...

Jorge, quando fiz alusão ao lado muçulmano era mais no sentido do “respeito” pelo Sagrado, embora (e estou totalmente de acordo com o que disse na Fig. o Cardeal, não podemos ser ingénuos…!), eu entendo-o Jorge, é claro que tal “respeito” não pode prevalecer seja por que motivo for sob o pilar e o valor da vida humana que é o ponto onde converge toda a relação do Sagrado, é por ele que Deus se encarnou…(não sei se me estou a fazer entender!!!) e sim, tenho plena consciência que o mundo muçulmano, mesmo aquele mais “tolerante” com o outro, ainda lhe falta também fazer muito caminho... e nem me atrevo a falar dos fundamentalismos!

Quanto ao rejeitar o “cristianismo oficial”, só quis significar aquele que procura impor e não caminhar… pensar e buscar não está errado, o que faz dano e que não ajuda nada a encontrar o verdadeiro rosto do Pai é aquele que reduz o próprio Deus a um pacote de doutrinas e ali fica parado no tempo sem admitir sequer olhar para os sinais do tempo e sobretudo os sinais do próprio Deus que nos questiona a cada acontecimento da vida! E quando falo de “degradação” não é a do ser humano, esse outro meu irmão ou minha irmã que jamais me passaria pela cabeça abandoná-los nesse Caminho onde Deus nos fez encontrar-fazer acontecer Igreja, falo sim da degradação dos diálogos e da comunhão que está impedida de se encontrar e de se tornar realidade totalmente sagrada pela visão de ortodoxias que se regem pelos decretares definitivos! A vida com Deus não tem nada de definitivo, ele renova-se a cada instante… O Espírito Santo não é algo estático, é Vida que se regenera constantemente… e para entender isto não é preciso “uma grande dose de inteligência.”, basta somente ter um coração aberto e atento ao espaço do sagrado no outro! (desculpe, sei que não é o seu caso, só quis clarificar o tal “sermão”..)… bom, espero não estar a fazer agora outro meu Deus…o meu desejo é ser instrumento de paz na busca da verdade com todos…!

Saudações…

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