quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

12-5 pela ordenação de mulheres


Roy Bourgeois

O semanário católico norte-americano "National Catholic Reporter" faz no editorial de segunda-feira, a pretexto da expulsão de Roy Bourgeois dos Padres Maryknoll (notícia aqui, por exemplo), uma defesa da ordenação de mulheres. Li aqui. O original pode ser lido aqui.

Muitos dos pontos de vista expressos no editorial coincidem com as minhas opiniões sobre o assunto, como já as expressei nos textos principais e nos respetivos comentários:


Mas há um dado novo e relevante para a discussão. Desconhecia. Traduzo:
Em abril de 1976, a Pontifícia Comissão Bíblica concluiu unanimemente: “Não parece que o Novo Testamento, somente por ele mesmo, ponha claramente, de uma vez e por todas, a questão do possível acesso das mulheres ao presbiterado”. Numa deliberação posterior, a comissão votou 12-5 a favor do ponto de vista de que a Escritura, sozinha, não permite excluir a ordenação das mulheres. E 12-5 a favor da opinião de que a Igreja pode ordenar mulheres no presbiterado sem ir contra as intenções originais de Cristo.

14 comentários:

David A. Conceição disse...

Jorge, Salve Maria!

Sou leitor brasileiro e gosto de ler sempre seu blog.

Mas não posso concordar com algumas de suas objeções progressistas, principalmente quando ataca a doutrina católica tradicional. Lembre-se que a Igreja não nasceu no Vaticano II e que ele deve ser lido de acordo com o Magistério perene.

Não adianta relutar. O modernismo está morrendo e cada vez mais novos seminaristas e padres jovens do mundo inteiro está na linha tradicional de Bento XVI. A Missa Nova com suas profanações e sacrilégio vai ser reformada e a Igreja voltará a andar nos trilhos.

Sobre a ordenação de mulheres, isto nunca será possível porque Cristo só escolheu HOMENS para o Colégio Episcopal. A mulher tem seu papel importante mas como leigo. O Beato João Paulo II já definiu ex catedra que a Igreja jamais ordenará mulheres e não será um punhado de modernistas que irá mudar o que Cristo determinou.

Por acaso, já pensou em ser anglicano? Lá as "missas" são genuínamente em vernáculo, "ordena-se" mulheres, gays, pato e cachorro e é uma religião que não visa a salvação das almas, mas apenas ser filantrópica para o bem estar do homem.

Exatamente como vocês progressistas gostam.

Jorge Pires Ferreira disse...

David, obrigado pela sua visita. Sinta-se bem por aqui, apesar da nossa diferença de opiniões eclesiais.

Não me considero progressista, mas sim na busca da verdade, que, como sabe, na Igreja, faz-se olhando para as pessoas do presente e para as situações e revelações do passado.

Não compreendo, por isso, o que quer dizer com a "Missa Nova" e suas "profanações e sacrilégio". Tanto quanto sei, a missa atual, resulta de uma reforma litúrgica que pretendeu, precisamente, beber nas fontes, recusando diversos rituais que, parecendo pertencer à tradição, eram na verdade de séculos bem recentes. Disse e repito que o mal de alguns tradicionalistas é verem muito pouco da tradição, só três ou quatro séculos. Espero que não seja o seu caso.


Sobre a ordenação das mulheres, já por cá andou abundante discussão, mesmo sobre as intenções de Jesus Cristo ou pelo menos sobre o seu gesto. Dizer que só escolheu homens é exato, mas incompleto. Para o novo Reino que Jesus quis fundar, escolheu homens que eram doze (como as tribos) e judeus. Não fazia sentido serem pagãos. Ora, mais tarde, a Igreja chegou a conclusão de que não era preciso serem 12. Podiam ser mais. E assim é. E não era preciso serem judeus. Podem ser de todas as nações. Espero que chegue à conclusão de que não é necessário serem homens. Basta serem pessoas. Homens ou mulheres.

Penso que está errado em dizer que a definição de João Paulo II foi ex cathedra. O artigo do NCR explica porquê.

Não faz sentido ser anglicano, apesar dessa igreja ter aspetos muito positivos. Fui educado como católico e quero ser católico. Por sinal, nem é a confissão anglicana que mais admiro para além da católica. Não achei grande piada a sua afirmação final sobre o anglicanismo, mas compreendo a hipérbole.

Anónimo disse...

Amigo David, o único “magistério perene” é o do AMOR, e tudo, mas mesmo tudo deve ser lido de acordo com o Evangelho!

Se o modernismo está a morrer ou não isso não me preocupa, o que me preocupa e muito é o esvaziar dos templos e comunidades onde só apenas resistem esses espíritos da batina e dos incensos!

Ou o David não se informa ou então não quer reconhecer a tremenda diminuição das vocações pelo mundo fora, e o encerramento de inúmeros conventos e comunidades… ninguém escapa…exceptuando alguns países que se libertaram recentemente de regimes que impediam a liberdade religiosa! E não vou entrar aqui em discussões sobre as verdadeiras razões de muitas vocações em países onde a fome e a miséria levam tantos a procurar tais lugares onde a mesa, a cama e uma educação gratuita é tentação forte!

Mas é só uma questão de tempo, esse inverno também chegará, como também chegou a uma Europa que evangelizou os 4 cantos do mundo nessa primavera da Fé que viveu antes! O problema real é mais profundo porque ele é espiritual… a espiritualidade não se reduz a folclores que tanta gente busca como se a relação com Deus passasse por pontes construídas pelas vaidades e esquemas humanos……

E o Corpo de Cristo que é a Igreja não é um “comboio”, o Espírito Santo que a sustenta não segue apenas uma direcção nem tem telhados… é livre como o vento … os trilhos de um comboio é que impedem de se sair da mesma rota que empreenderam esses que nada mais fazem do que parar nas suas estações dogmáticas andando à volta e si mesmos olhando apenas para o umbigo convencidos de serem os eleitos e os puros!

Por fim, quem tem a futuro da Igreja nas suas mãos é Deus e não homens, como Bento ou outros homem qualquer, por mais beato que o façam outros homens como ele… essa de arrogar-se de adivinhador da vontade de Deus é obra…

Sobre os Irmãos anglicanos ou outros, muito gostaria eu que me indicasse que templos ou denominações foram ou estão construídas nos céus! E veja lá se limpa um pouco essa mente de arca de Noé, essa da ordenação dos patos e cachorros nem ao diabo lembraria… respeitar é também ser cristão!

A caminhada com Deus não se faz por gostos, ela faz-se porque entregamos a nossa vida a Ele.. nele e só Nele somos salvos, é Ele que nos conduz.. “não há um justo, nem um sequer..” todos necessitamos da sua misericórdia…

Anónimo disse...

Jorge,

esse documento do Vaticano está disponível no site do Vaticano. Mas é preciso lê-lo todo, embora me pareça claro que afirma que a Bíblia, por si só, nem diz que Jesus restringiu o sacerdócio aos homens, nem que Ele queria que as mulheres o recebessem (mas é claro que o NCR nunca falaria nisso).

e já agora: 1) não precisam de ser baptizados? 2) não foi "ex cathedra", mas foi pensada como sendo uma declaração infalível, não?

Anónimo das 4:07 p.m.,

tem evidências factuais, apresentáveis aqui, de que o esvaziar de templos pelo mundo fora (só reconheço isso como verdade na Europa) se deve ao bolor das posições do Vaticano? Ou é só um palpite? Ou um gosto do "eu e a minha teologia" desincarnada de uma comunidade mais ampla que ajuda a ver, e entender, o caminho da Verdade além dos afectos desordenados de cada um?

Fernando d'Costa

Anónimo disse...

Para o anónimo das 4:07 p.m.:

o verdadeiro problema é a convicção de que cada um é o único templo de Deus, que cada um conhece Deus melhor do que os demais e os demais em conjunto, que cada um é crente à sua maneira, fazendo do seu "ego" a medida vitruviana de todas as coisas e abastardando num relativismo absoluto o que os demais pensam;

o verdadeiro problema é um catolicismo "new age" cheio de reikis e yôgas que parece acreditar que há um caminho hegeliano ou marxiano do homem para Deus além do caminho seguido por Deus até ao homem;

o verdadeiro problema é deturpar as palavras dos demais para se divertir com posições que os demais nunca defenderam, vivendo assim, não na realidade, mas numa caricatura da realidade que é, desde logo, uma amostra de que só se conhece uma caricatura enfezada de Deus;

o verdadeiro problema é enveredar por uma posição willimiana ou podoriana de deflagração de teses bem lavradas mas apenas admissíveis para quem confunde a veneração com a adoração, a beleza estética com a palhaçada litúrgica, o universal com o particular, o progresso com o futuro, a Verdade com uma perspectiva da verdade;

o verdadeiro problema é criticar a posição dos demais sem ter posição definida, apenas veiculando, como fazem os partidos ideologicamente cobardes e incapazes de apresentar políticas coerentes com franqueza, filetes poéticos desprovidos de solidez teológica para as "galerias" num exemplo notável de demagogia religiosa de pendor hugheliano;

o verdadeiro problema é viver irritado e ressabiado com quem pensa e ama o diferente e não numa humildade que é o rosto escondido daquela Verdade bela, acusando, por isso e num mecanismo de transferência psicológica, para os demais o que apenas o próprio pensa e faz;

o verdadeiro problema é, rejeitando toda a instância de autoridade social, querer oferecer margaridas a uéias e dizer que se está a ser caridoso ou misericordioso pois ensinar os ignorantes é uma obra de misericórdia;

etc.; etc.; etc.;

estamos de acordo não? bem me parece.

Anónimo disse...

Ei, piedoso Jorge, e esse documento do Vaticano é infalível? Se não é, tem tanto valor como o papel em que imprimiria o seu blog: óptimo para limpar o rabo a um bébé. Que pivete.

Anónimo disse...

O comentador poeta volta a atacar. Quando a razão falta, apura-se a rima. Que belo!

Jorge Pires Ferreira disse...

Fernando, se puder dar-me o link. Já procurei no vatican.va, mas devo ter procurado mal, porque de facto não o encontrei.

Em relação à infalibilidade, de facto tenho encontrado opiniões que dizem que sim, e outras que dizem que não - saberá qual é a minha - , que não estavam reunidas as condições para a proclamação ser infalível. E não é por um documento menor dizer que é infalível que passa a ser.

Em relação ao anónimo das 5:59, não tenho nada a dizer, ainda que seja raro o dia em que não mude fraldas a bebés (pelo que sei que nunca usaria um papel destes para lhes limpar o rabinho). Mas que há pessoas que revelam o que têm dentro em duas ou três frases, há.

Anónimo disse...

Amigo Anónimo das 5:49 p.m.: Permita-me esclarecer aqui algumas coisas! Para nos guiarmos colocarei em cada capítulo (ou rima) um número pela ordem que nos deixou no seu comentário:

1– “o verdadeiro problema é a convicção”
que muita gente ainda não entendeu ainda, e afirmo com a autoridade da Palavra, que somos templos únicos de Deus: ” Não sabei vós que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” ICor 3,16. … e a Salvação é sempre pessoal, entre mim e Deus, embora o caminho da vida em Cristo se faça com o outro meu irmão ou mesmo aquele que não o fazem comigo por questões de escolhas de outros caminhos, mas o que importa é a abertura no diálogo Àquele que é a razão de nos reunirmos, Deus, e não a placa ou o nome da Igreja!

2- ”o verdadeiro problema é um catolicismo”
que apenas permite e oficializa a uniformização das expressões do Espírito Santo na relação entre este e o homem e vive-versa! Já conhecemos infelizmente os resultados das produções em massa criadas pelo establishment oficial da religião que acabam em colectivos sem espaço à identidade pessoal! E o caminho de Deus e do Homem é feito na humanidade que Ele próprio encarnou, não numa qualquer relação floreada de misticismos ou com algum intermediário que se decide a autorizar tal relação só quando lhe dá na telha!

3- ”o verdadeiro problema é deturpar as palavras dos demais … numa caricatura da realidade que é, desde logo, uma amostra de que só se conhece uma caricatura enfezada de Deus”
Pena que o Anónimo ainda não tenha descoberto esse Jesus dos Evangelhos, nele verá claramente o rosto do Pai: “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”João 14:8-9 ! A não ser que esteja aqui a sugerir que Jesus é uma caricatura de Deus! Olhe, é Jesus é que me revela Deus como o conheço, certamente com as minhas limitações humanas!

4- ” o verdadeiro problema é enveredar por uma posição willimiana ou podoriana de deflagração de teses bem lavradas mas apenas admissíveis para quem confunde …. a beleza estética com a palhaçada litúrgica…”
Meu amigo, teses são apenas isso, teses! Ou necessita que lhe dê aqui a definição desse termo! Quanto às “palhaçadas” vamos à Palavra: ” Louvai-o com o som de trombeta; louvai-o com o saltério e a harpa. Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos.
Louvai-o com os címbalos sonoros; louvai-o com címbalos altissonantes. Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor.” Salmo 150,3-6
Pois, voltemos então aos “velórios” incensados!

5- ”o verdadeiro problema é criticar a posição dos demais sem ter posição definida…...num exemplo notável de demagogia religiosa…”
A minha única posição definida é que sem a misericórdia de Deus nada posso e nada sou! E demagogia é pretender afirmar o contrário ou sugerir e afirmar descaradamente que a Salvação está nas mãos da Igreja: “fora da Igreja não há salvação”…um slogan básico das doutrinas oficiais da Igreja afirmação baseada na tal “solidez teológica”! Pois…! ”Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” Efésios 2,8

6- …. o verdadeiro problema é viver irritado e ressabiado …. num mecanismo de transferência psicológica...”
Anónimo, leia novamente tudo o que escreveu e depois diga-me com sinceridade quem anda aqui a fazer “transferência psicológica”!

(continua....)

Anónimo disse...

(continuação...) do9 comentário das 8;32 p.m

7- o verdadeiro problema é, rejeitando toda a instância de autoridade…”
A autoridade vem e é dada por Deus ao homem, mas para ser ele o primeiro alvo dessa mesma autoridade que exerce! O que recebe tal autoridade, recebe-a para o serviço aos outros e não para a usar como ditador do pensamento único, juiz e vigilante celestial de outros que são tão pecadores como ele! Essa é a maior obra de misericórdia que todos ainda não aprendemos totalmente! ”Ai de vós também, doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas.”Lucas 11,46

Não queria alongar-me mas perante a sua intervenção não me restou outro caminho… e jamais poderia estar de acordo com afirmações que produziu antes, seria ir contra espírito do Evangelho!

Anónimo disse...


Sou o Anónimo das 08:32



Amigo Anónimo das 5:49 p.m ...Sintetizei o conteúdo das suas “rimas” não com objectivos de censura, mas apenas para focalizar alguns pontos que me parecem essenciais em cada um desses e não capítulos como disse antes num erro de distração!

Respeitei a ordem desses parágrafos que vem no seu comentário, e numerei apenas para orientar melhor quem estiver a ler, embora o leitor deva certamente reler cada um desses seus parágrafos na totalidade para se situar no meu texto!

Como o espaço não me permitiu colocar a totalidade do comentário só num espaço, tive que dividir em dois!

Anónimo disse...

.. errata...

...Sintetizei o conteúdo das suas “rimas” não com objectivos de censura, mas apenas para focalizar alguns pontos que me parecem essenciais em cada um desses parágrafos e não capítulos como disse antes num erro de distração! ..

desculpem ...

Unknown disse...

Caro Jorge, isto não há forma de bloquear anónimos? Estava aqui entretido a ler e a dada altura baralhei-me e confundi anóninos e acabei por não perceber o fio da conversa. Acho que a afirmação do Papa João Paulo II não foi dogmática porque esse rever a manifestação colegial que manifeste a vontade da Igreja...logo, o referido tema não foi assunto colocado à consideração, o que logo à partida revela falta de atenção pela liberdade de reflexão teológica sobre ele. "Homem e mulher os criou"...e ainda por cima semelhante a Ele, vejam bem!
Sobre o nosso irmão brasileiro (David), penso que está fora da comunhão da Igreja pela forma como entende o Magistério (onde se inclui a dita "missa nova") e pela forma como entende o Concílio Vaticano II...pelo menos, assim entendo a excomunhão "latae sententia", quando alguém pelo que afirma se coloca autiomaticamente fora. Caro David, aquilo que afirmou não é razoável dentro do espírito do Espírito que conduz a Igreja.

Anónimo disse...

Sou a favor da ordenação de mulheres e sou contra o celibato dos padres. Sou a favor de uma Igreja com liberdade e sem libertinagem.

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