sexta-feira, 19 de outubro de 2012

"A Mão do Diabo". Acabei de ler o novo romance de José Rodrigues dos Santos



Acabei de ler o último romance de José Rodrigues dos Santos, “A Mão do Diabo”. Comecei a lê-lo há meia hora, num centro comercial aqui perto, e ainda gastei dez minutos a vir para aqui e mais cinco para escrever isto.

O professor Tomás de Noronha é despedido. É a crise. Mas alguém lhe dá uma mensagem secreta que o obriga a ir a Florença. A mensagem cifrada (ver contracapa) diz (em inglês) “Vai para Santa Cruz e procura sobre o túmulo de Satanás”. Não é preciso grande conhecimento para saber que em Florença há a Igreja de Santa Croce (dos frades franciscanos - e não monges, como diz o livro). Túmulo de Satanás? Pensei logo no de Maquiavel, que está lá, perto do de Galileu. Mas não, é o de Dante (vazio), que escreveu sobre o Inferno, pois. Oh, não, afinal é mesmo no de Maquiavel, por causa do diabólico “Príncipe”, que Tomás de Noronha encontra o DVD que vai incriminar um eurocrata, de apelido Seth (daí a mão do diabo), responsável pela criação do Euro que, sabendo muito bem que a moeda única transferiria riqueza para o centro da Europa e deixaria na miséria as nações periféricas, mesmo assim avançou com a ideia. O TPI julga-o, graças a Tomás de Noronha.

PS: Isto não é "ficção" (também li as informações finais). Infelizmente esqueci-me de ver quanto custa o romance para ficar com uma ideia da poupança.

15 comentários:

Anónimo disse...

Quanta dor... :(

Jorge Pires Ferreira disse...

Sim, não muita. Um bocadinho.

Anónimo disse...

"Isto não é ficção" também mo diziam na catequese.

Anónimo disse...

Obrigado, se não gosta não leia, este comentario é do mais rasco que tenho lido

Jorge Pires Ferreira disse...

Caro comentador das 10:36, em vez do "se não gosta, não leia", prefiro ler e depois dizer se gosto ou não.

No caso da obra em concreto, é o que é. Apesar do volume de páginas, lendo aqui e ali ficamos a par da história toda em pouco tempo. É, de facto, como escrevi no início. Demasiado previsível. É uma crítica, com certeza. Provavelmente a história terá muitos outros desenvolvimentos, mas lendo os dois ou três capítulos cruciais, que já sabemos onde aparecem, tudo fica esclarecido. E para isso, não é preciso mais de 20 minutos. E ainda dá para ler capítulos não essenciais - como as notas finais.

Evidentemente, as obras de ficção de José Rodrigues dos Santos só me interessam pela temática religiosa. E ele sabe muito bem que pôr "Diabo" na capa - o título não é original - atrai um certo tipo de leitores. Atraiu-me a mim, por exemplo. Como o tempo é pouco, tratei de rentabilizá-lo. Quem gosta deste tipo de literatura provavelmente pouco ligará ao que escrevi.

Anónimo disse...

beatinho

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Talpidae disse...

Deveria pensar duas vezes e insistir em ler verdadeiramente algumas páginas mais no interior do livro, onde se fala de História Económica, da origem primordial da crise, da formação da "tempestade perfeita" na Europa quando a crise imobiliária americana se pegou à crise estrutural do Euro e à deslocação da produção para as economias emergentes a Oriente, do engodo que são as PPP portuguesas, do clientelismo político.
Eu não sou grande fã da escrita de José Rodrigues dos Santos, mas comprei este livro em particular para aprender mais e compreender as razões da já chamada de 2ª Grande Recessão. Nisso, dou a mão à palmatória e quase que o recomendaria para o Plano Nacional de Leitura, a ver se este povo aprende alguma coisa e percebe a causa da perda de direitos adquiridos e dos cortes profundos em tantas áreas. Doloroso, mas absolutamente necessário nas actuais circunstâncias.
De resto,o enredo que usa para embrulhar essas preciosa lições é a receita que se tem mostrado infalível nas vendas, mais do mesmo, com algumas falhas em termos literários e estilísticos.
Mas, pela lição de economia a leigos, vale a pena o preço a pagar.

Anónimo disse...

Comecei a ler este livro e entusiasmou-me, estou a gostar bastante, daí decidi vir à net procurar comentários sobre a obra e o autor, deparei-me com este comentário, que tenho que aceitar porque estamos numa sociedade livre e cada um diz o que pensa, mas posso pedir pelo menos que se reflicta um bocadinho no que se quer dizer, ler um livro em meia hora e escrever tal comentário é assim um bocadinho desrespeitoso por pior que seja a literatura, um livro não são 3 páginas, e a descrição que faz poderia ter sido retirada de vários resumos que se encontram pela net fora, leva-me a crer que essa capacidade incrível de captar toda a historia nesse tempo é irreal...

Paulo disse...

O enrredo é demasiado previsível... Mas o conteúdo histórico e económico é uma mais valia. Só por isso já vale a pena.

Anónimo disse...

Estou a terminar a leitura deste livro, e penso que vale a pena lê-lo, para sabermos as causas da crise. Leiam e não se revoltem tanto com quem não merece mas sim com quem provocou tantos anos de vida excessivamente fácil e que agora nos faz sofrer todos. leiam que percebem de como começou tudo.

Jos disse...

Tanto quanto sei, esta "crítica" limita-se a revelar ignorância - aliás, como revelam todos os fundamentalistas religiosos.
Impressiona a forma como é incapaz de perceber que este livro é mais um "manual" para o leigo compreender a crise, denunciando uma série de factos verídicos causadores da enorme crise que atravessamos.

Jos disse...

Ainda uma correção que me esqueci de deixar ontem. Critica o livro por ser previsível. Engraçado, enganou-se no final :)
Deixo-lhe um grande beijo Cristão :) Para a próxima leia a Bíblia, aí sim terá uma verdadeira obra de ficção :) Esta foi das mais verdadeiras que li :)

Jorge Pires Ferreira disse...

Caro Jos,com tantos livros bons para ler, é insensato perder tempo com maus livros. No livro em causa, o enredo não é bom, a escrita, corretinha, tem pouco de literário e nada de original, e o enredo é banal. Eu não sou escritor (obviamente, não saberia escrever um livro com igual ou mesmo menor sucesso). Nem pedreiro. Mas sei dizer se um muro está direito ou torto, embora se me pedissem para assentar tijolo saísse asneira.


Diz que me enganei no final... É possível, mas diga-me em quê. Sei lá se não é o Jos que está enganado.

Quanto a livros para compreender a crise, procuro-os escritos por economistas, sociólogos, políticos. E há muitos. E não precisam de invocar o diabo. Basta o ser humano.

Quanto a ler a Bíblia, obrigado pelo conselho. Tem lá páginas de ficção, sim. Ao contrário do que diz, não sou fundamentalista.

Boboquinha disse...

Li este livro só agora (2017). Compreendo ambos os pontos de vista e concordo que não passa de um livro sobre a crise embrulhado numa história de ficção. Existem dois motivos para ter sido assim: primeiro, o autor não é burro e sabe que, se metesse num livro a sua opinião sobre as origens da crise, não teria tantas vendas quanto enfiar essas mesmas ideias numa série do Noronha, que já criou com o intuito de ter sempre de onde ter uma fonte a jorrar. - o segundo motivo.

Agora a questão é: Quer-se mesmo saber a origem da crise dessa maneira? Eu respondo por mim: Não.

Quando procuro uma obra destas, quero divertir-me com factos sim, mas com um pouco mais de conteúdo diversificado e não conteúdos enfadonhos ou extensos. Nem quero um título atraente distorcido para atrair amplos interessados. Gosto de títulos mais objectivos, que contam ao que vêm e, mesmo que enigmáticos, no final a pessoa diga. Ahhh! Não podia ser outra coisa!

O livro teve capítulos demasiado longos de monótonos diálogos sobre a crise. O interesse da espanhola que até preferia escutar essa conversa durante mais de 3 horas de viagem de comboio ao invés de ter sexo é ridículo... Três horas a falar da crise dá para adormecer qualquer um! Nas universidades mal se aguentam 50 minutos de um professor a ditar lições, quanto mais aguentar uma viagem de carro, de comboio do que seja... Porque era sempre este o pretexto em que o autor metia as personagens para atingir o seu prazer supremo: falar da crise.

E o que dizer das personagens sabe-tudo sobre o tema? A começar pelo alemão na Grécia... que desfiou um perfeito rosário! Até o tipo a quem o prof. dá boleia - que pensei que ia servir um propósito maior na trama (assassinado por engano de identidade) afinal não teve propósito algum senão servir para dar o contra-ponto da opinião de Noronha e do amigo deste, e mostrar o lado do preguiçoso que não quer trabalhar e acha que todos lhe devem.

Bom, isto para dizer que não se procura numa obra de ficção uma análise às origens e consequências da crise. Esses capítulos passeio-os quase todos à frente. Ou seja: o propósito pelo qual este livro de ficção foi escrito não me interessou. Interessava-me o «embrulho», de facto pouco criativo, nada original e de fraca qualidade retórica: uma história de mistério e ficção, fantástica sim, mas entusiástica e minimamente credível - é o mínimo que espero. Ao invés disso, o livro é apenas a opinião do autor sobre um tema político-económico pelo qual se sente fascinado e sobre o qual não resiste em dar o seu precioso bitaque.

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