terça-feira, 4 de setembro de 2012

Como um pedaço de madeira pode ter mudado a direção da Igreja

Martini no conclave de 2005

O jesuíta James Martin (ver a partir daqui algumas referências a este padre) conta na “America” (revista e sítio dos jesuítas dos EUA) um episódio curioso e engraçado do cardeal Carlo Maria Martini. Traduzo daqui.

Estou muito contente por o meu amigo Thomas J. Fitzpatrick, S.J., que há uns anos me contou esta história maravilhosa sobre o Cardeal Carlo Martini, s.j, me ter permitido partilhá-la consigo. Está apenas ligeiramente editada a partir do que ele me enviou hoje. É simultaneamente engraçada, provocadora e comovente, e fala bem alto sobre humildade. Ouvimos com regularidade este tipo de histórias, contadas e recontadas, e descritas como “apócrifas”, mas esta não é.
Quando eu era superior do Pontifício Instituto Bíblico de Jerusalém, levava com regularidade o Cardeal Martini ao aeroporto quanto ele tinha de viajar, ele que era membro da nossa comunidade de jesuítas. Antes do conclave papal de 2005, o núncio papal na Terra Santa, arcebispo Pietro Sambi, convenceu o Cardeal a usar os serviços VIP no aeroporto de Tel Aviv. Assim, no dia antes de o levar ao aeroporto por causa do conclave, informei a segurança do aeroporto de que iria chegar com o Cardeal Martini. Chegámos na manhã seguinte, pelas 4 da madrugada, e fomos guiados para uma sala num edifício reservado do resto do aeroporto. 
As viagens para o aeroporto com o Cardeal Martini eram ocasiões para conversas descontraídas, mas esta manhã particular tinha uma aura diferente. Eu estava espantado por um membro da minha comunidade, da qual era superior, não só participar no conclave, mas ser apontado com um dos principais favoritos. Eu sabia que o Cardeal Martini não queria ser Papa. 
Por isso, em parte a brincar, mas também com muita seriedade, disse-lhe quando foi chamado para embarcar: “Carlo, eu sei que não queres ser Papa; eu sou o teu superior religioso e os jesuítas devem obedecer aos seus superiores; permite-me que te diga que se fores eleito Papa, por favor, aceita”. Rimos; abracei-o e ele partiu para o conclave. 
Quando o Cardeal Martini regressou do conclave, voltei ao lugar especial para o cumprimentar, na sua chegada. Depois de passarmos pelos “check points” do aeroporto e estarmos a caminho de Jerusalém, disse-lhe que estava um bocado zangado com ele. Tinha visto muito do Cardeal nas reportagens televisivas, e reparara que estava a usar a sua bengala. 
Por isso, disse-lhe: “Eu sei que não tens de usar a tua bengala, e julgo que apareceste com ela para mostrar às pessoas como estás doente. Estou certo?” 
“Sim”, disse ele. 
Depois disto, na casa de Jerusalém, poderei apontar para a bengala do Cardeal e dizer: “Aqui está o pedaço de madeira que mudou a direção da Igreja Católica”.
Esta história alinha com o que diz o porta-voz dos bispos portugueses, um jesuíta, aqui

3 comentários:

Anónimo disse...

Enganou o Espírito Santo! Sacrilégio! :-)

Jorge Pires Ferreira disse...

Ou então ajudou o Espírito Santo.

(Ainda que eu, no meu humaníssimo espírito, preferisse em abril de 2005 que Martini fosse o escolhido. Ou mesmo Kasper. Ou mesmo o sucessor de Martini em Milão, Tettamanzi.)

Anónimo disse...

Uma treta. Depois de morto vêm as lendas.

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