O Encontro Mundial das Famílias parece que correu
bem. Ainda bem, também para o Papa, que nestes dias, como quase sempre desde
que é Papa, se tem visto cercado de quase todos os lados.
Espero ler algo mais sobre o encontro das famílias,
mas das primeiras notícias na imprensa generalista só me ficam lugares comuns.
O primeiro é o do domingo para o descanso, com as
inevitáveis críticas ao comércio aberto neste dia. É uma reclamação “muito
católica”. Mas na verdade inconsequente e impraticável. Geralmente, o alvo é o
grande comércio, os centros comerciais, as “catedrais do consumo” (engraçado
que os centros comerciais são “catedrais do consumo” enquanto as religiões todas
fazem parte do “supermercado religioso”). Mas se o descanso tivesse mesmo de
ser para todos, quem nos atenderia no cinema, na esplanada do café, na bomba de
gasolina ou mesmo num hospital? Dirão que o que está em causa são os serviços
não essenciais. Mas quem decreta o que é essencial? Para muitas famílias, ir ao
supermercado, no único dia em que não há trabalho, infantários, escola… pode
mesmo ser algo de essencial.
O segundo é o das “medidas” para os divorciados
recasados. O Papa disse (li aqui) que os recasados “ficaram
marcados pela experiência dolorosa do fracasso e da separação" e que o "papa e a
Igreja apoia a vossa dor". E acrescentou: "Encorajo-vos a manterem-se
unidos às vossas comunidades, desejando que as dioceses tomem a iniciativa de
vos acolher, com a proximidade adequada".
Com certeza que o divórcio é algo de
doloroso para quem aposta a vida numa relação a dois. Mas julgo que pelo menos
quando uma nova relação acontece – geralmente mais bem-sucedida do que a
primeira – as marcas do “fracasso” e da “dor” desaparecem. Alguns acham mesmo
que finalmente encontraram a pessoa da vida deles. Estou a pensar em casos
concretos. E esses, se católicos, geralmente gostariam de receber a bênção da
Igreja - têm a de Deus - e a Comunhão. Acolhimento com “a proximidade adequada”? O que é isso? Se
pretendem unicamente a bênção e a Comunhão e não lhes podem dar isso… Isto não
vai lá com iniciativas das dioceses. O divórcio entre recadados e Igreja só pode aumentar.
Última nota. Quem participasse no encontro milanês obtinha uma “indulgência plenária”. O papel que decretou a indulgência
foi assinado pelo cardeal Manuel Monteiro de Castro. Indulgência plenária? Faz
sentido este tipo de coisas? E depois querem que o sacramento da Reconciliação tenha credibilidade. Espero que isto não se tenha sabido entre os
participantes.
5 comentários:
Omissão mais gritante : as famílias
constituídas por casais do mesmo sexo. Noto que em Portugal, no meio católico, há ainda pouca abertura para o tema. Nem mesmo aqui, na TRIBO DE JACOB...
Essa foi uma questão do passado o "corvo "a pouco e pouco vai mostrando que os pronunciamentos "javardos"sobre a condiçao "homo"de muitos cristãos sérios leigos padres bispos não é mais doque uma manobra de diversão para esconder a imundice do "alto clero"que se veste de rendas.
Estou totalmente de acordo com o Jorge no que concerne aos divórcios. A Igreja vai ter que "arrepiar" caminho nesta matéria. Comunhão rapidamente para as pessoas que estão recasadas ou divorciadas. Quanto aos homosexuais, desculpem-me mas não são casal. Se o há no clero então toca a tomar medidas e fora com a hipocrisia.
João Duque, leigo, pai de família e director da faculdade de teologia de Braga, no seu livro "O excesso do dom", esclarece qual o sentido mais sólido e positivo das indulgências. A ler.
Fernando d'Costa
Jorge, então para si o evangelho já não serve, é isso? Arranjemos outro livro onde o casamento não seja até que a morte os separe. Aquelas palavras de Jesus já não dão jeito. Isso era no tempo do fascismo.
O que é que as Indulgências têm a ver com o Sacramento da Reconciliação? Realmente ouve-se com cada uma...
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