Para comemorar os seus 85 anos de vida e sete de
pontificado, o Papa ofereceu um almoço aos cardeais que residem em Roma. E aproveitou a ocasião para dizer que também tem “noites
escuras” e deixar um recado aos seus mais diretos colaboradores.
As noites: "(Debo) agradecimiento sobre todo al Señor por tantos años que me ha concedido, años con tantos días de gozo, espléndidos tiempos, pero también noches oscuras. Pero en retrospectiva se comprende que también las noches eran necesarias y buenas".
Há muito motivos para as noites escuras, dizem os
vaticanistas, desde o caso dos Legionários (notícias recentes dizem que um
padre, conhecidíssimo professor de Moral em Roma e comentador na TV
norte-americana, reconheceu-se como pai de uma criança), ao conflito indesejado
com o Islão, ao drama da pedofilia (a mais recente: 135 padres italianos
denunciados por pederastia entre 2000 e 2011 – afinal isto também toca aos
latinos), ao Vatileaks (que há dias teve mais um episódio com a publicação de
"Su Santidad", do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi).
O recado: "Nosotros estamos en esta lucha [da Igreja contra o mal] y en esta lucha es muy importante tener amigos. Yo estoy rodeado de los amigos del Colegio Cardenalicio: son mis amigos y me siento en casa, me siento seguro en esta compañía de grandes amigos que están conmigo, todos juntos, con el Señor”.
Isto merece dois comentários. Primeiro, felizmente, o Papa não fez como é uso em alguns
locais: convida-se toda a gente para a festa de aniversário e depois cada um
paga a sua conta.
Depois, o “sinto-me seguro nesta companhia dos grandes
amigos que estão comigo”, sem querer eu dizer que o Papa está a ser irónico,
soa mais a desejo do que a facto, sabendo-se que as fugas de informação partem de gente muito próxima do Papa. Afinal, o próprio Senhor, numa célebre ceia,
chamou a todos “amigos”, mesmo sabendo que um deles o trairia.
As palavras do Papa foram tiradas daqui.
4 comentários:
Ó Jorge não perca tempo. Já há cerca de 3-4 anos que o Papa não manda na Igreja. Para quem se deita às 21.30 horas...
bom artigo
"Afinal, o próprio Senhor, numa célebre ceia, chamou a todos “amigos”, mesmo sabendo que um deles o trairia", diz o post.
Pelo que se lê na Bíblia, todos os discípulos traíram Jesus.
Afinal quem ficou junto d'Ele até à hora da morte na cruz foram as mulheres que o seguiam, entre elas Maria, sua mãe.
Caro comentador das 11:37,
- pelo que se lê não Bíblia, não podemos concluir que todos os discípulos traíram Jesus. Um entregou-o ao poder religioso de então, Judas. Outro disse que não o conhecia, Pedro. Em relação aos restantes, pouco ou nada sabemos. Para a história, só um ficou com o título de "o que o traiu".
- Era, penso que é óbvio, a Judas que me referia na frase do post.
- Entre os que ficaram junto à cruz de Jesus, diz o Evangelho de João, além das mulheres estava também o discípulo amado, que a tradição tem identificado com o apóstolo João, embora seja um abuso interpretativo fazer tal identificação. Hoje já não se faz tal identificação numa exegese minimamente sólida.
- Por outro lado, contrariando a tese do abandono de Jesus pelos apóstolos (penso que é mais correto falar de abandono do que de traição), surgem hoje teólogos como Andres Torres Queiruga. Diz este galego que é um abuso pensar mesmo na debandada geral dos apóstolos. Uma tese que, com certeza, será debatida, apoiada ou repudiada nos próximos tempos.
Por tudo isto, penso que a minha afirmação inicial adequa-se bem ao que eu queria dizer.
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