Gosto de ler Rui Tavares, na última página do “Público”. Geralmente
para discordar. Ele é perito em fazer regras a partir das excepções e gosta de
elaborar leis, necessariamente gerais, a partir de uma situação particular. E apresenta teses polémicas como se fossem consensuais, hipóteses como dogmas. É a
isso que se pode chamar um bom mestre sofista. Lembro-me de dois exemplos assim
de repente. Teria mais se fosse consultar o monte de “Públicos” que tenho ali
ou se fosse o seu blogue. Diz, por exemplo, que a arte gótica, com os seus
arcos em ogiva, inspirou-se na arte islâmica. É uma tese falsa, hoje abandonada.
Foi corrigido por historiadores, na sequência do seu texto, mas não me lembro de o cronista ter assumido o
erro na sua coluna. Diz, outro exemplo, que o melhor era os países da dívida
soberana não terem governo, como a Bélgica, que se tem safado bem. Dizia isto
quando tudo na Bélgica estava bem, admito que com alguma ironia. Quando se viu
que o país não está livre do perigo, invalidando a tese obviamente irrealista,
nada disse.
Hoje, realçando que todos os feriados são do Estado, porque são
“os que determina a lei da República”, decreta que “entre os dispensáveis estão
o 8 de Dezembro, o Corpo de Deus, o 15 de Agosto e o Dia de Todos os Santos. Se
querem cortar quatro, são estes”.
Por ele, mantêm-se o 25 de Abril, o 10 de Junho, o 5 de
Outubro, 1 de Dezembro. E justifica-os. Não sei porque não falou do 1 de
Janeiro nem do 1 de Maio.
Eu, que já aqui exprimi que desde que não suprimam o domingo
podem suprimir todos (religiosos e não religiosos), fico espantado com a clarividência
do eurodeputado. A regra dele é: suprimam todos os religiosos (o 25 de Dezembro
e o 1 de Janeiro, tendo base religiosa, jogam em ambos os campeonatos). Bastava ter escrito
esta frase.
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