A notícia de “The Lancet” ecoada pelo “Público” de hoje, em si, não
tem nada de contraditório segundo os padrões morais da oficialidade católica.
Por razões médicas e não com o objectivo da contracepção, qualquer mulher pode
tomar a pílula. Mas não deixa de ser curioso que os médicos aconselhem as
freiras a tomar a pílula, tendo em vista, claro, os efeitos hormonais. Não
estou a ver qualquer bispo ou teólogo moralista a dizer que não. Dá-se assim a
curiosa situação de, segundo a moral oficial católica (que, presumo, será
seguida por uma pequeníssima minoria de mulheres e casais), as mulheres que
querem regular a fertilidade não o podem fazer com a pílula, enquanto as que
não precisam de a regular devem tomar a pílula.
Sobre esta questão li aqui que os próprios
autores do artigo em «The Lancet» recordam que a Igreja católica “condena toda forma de contracepção, seguindo as indicações contidas na encíclica «Humanae vitae» de Paulo VI”, mas também que a mesma encíclica aceita os meios terapêuticos que têm efeito contraceptivo, se forem necessários para curar uma doença. “Se a Igreja católica permitisse o livre uso da pílula anticoncepcional às Irmãs, se reduziria o risco” que elas possam contrair o câncer.
Segundo a revista médica, “já em 1731 o médico italiano
Bernadino Ramazzini fez notar a maior incidência do câncer no seio entre as
monjas”.
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