Depende. Se eles aceitarem o II Concílio do Vaticano, nomeadamente o ecumenismo, a liturgia em vernáculo, o diálogo inter-religioso, a liberdade religiosa, o chamado diálogo igreja-mundo, a identidade laical…, o acolhimento dos tradicionalistas na Igreja católica não significará o fim do concílio.
Mas eles não parecem com vontade de dizer sim a essas aquisições conciliares, pois significaria precisamente dizer não ao que pensam e à forma como agem. E o que pensam é mais ou menos isto: “Nós temos a verdade. Os outros estão no erro. Os outros devem converter-se para evitar o inferno”. E isto aplica-se às confissões não católicas e às religiões não cristãs. D. Marcel Lefebvre dizia: “Nós temos a verdade. Tudo o que for diferente é erro”.
Sobre isto, é interessante o artigo de Massimo Faggioli, doutor em história da religião e professor de história do cristianismo no departamento de teologia da University of St. Thomas, em Minneapolis-St. Paul, nos EUA, que pode ser lido aqui. Começa assim:
O Papa Bento XVI fez um daqueles atos que quase certamente deixarão a sua marca sobre o futuro da Igreja universal. No dia 14 de setembro de 2011, de fato, a Santa Sé entregou aos lefebvrianos um "preâmbulo doutrinal": a assinatura embaixo desse documento é um passo exigido aos lefebvrianos para a entrada novamente na comunhão com Roma da sua pequena mas influente comunidade integrista.
Não se conhecem os detalhes do "preâmbulo" confiado à Fraternidade São Pio X dos lefebvrianos para um período de estudo e de consulta que deverá durar previsivelmente alguns meses.
Mas é claro que o pivô do confronto gira em torno do Concílio Vaticano II.
Em todo o caso, deixa-me perplexo que se ponha todo o empenho na união com os mais tradicionalistas dos católicos (os lefebvrianos, ainda que cismáticos), os mais tradicionalistas dos anglicanos (aqueles para quem foi criado um regime especial para os acolher na igreja católica) e os mais tradicionalistas dos cristãos em geral (os ortodoxos, com quem se tem dado grandes passos para a união). Parece pouco católico e tudo para o mesmo lado, a olhar para trás.
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