Frank Brennan, sj
Excertos da homilia do padre jesuíta Frank Brennan, professor de direito do Instituto de Políticas Públicas da Universidade Católica Australiana, a propósito do afastamento do bispo D. William Morris, que, entre outros aspectos, era pela possibilidade da ordenação de mulheres. A homilia foi proferida no domingo do Bom Pastor, este ano a 15 de Maio.
Como católicos, somos abençoados por sermos parte do rebanho que tem pessoas especialmente comissionadas para atuar como porteiros e pastores em seus papéis de papa, bispo e padre. Mas nenhum deles é substituto para Jesus – a porta, o porteiro e o pastor.
Nós, católicos australianos, acabamos de passar por algumas semanas muito difíceis, enquanto os nossos bispos refletiam sobre a remoção forçada de um deles, Bill Morris, bispo de Toowoomba. Devido à falta de transparência nos processos romanos, não sabemos a verdade completa sobre a sua remoção do seu ofício. Provavelmente nunca saberemos. Eu conheci Bill como padre e bispo durante 30 anos. Ele é um bom homem – não um brilhante acadêmico, mas sim o homem pastoral mais pé-no-chão que se possa conhecer.
(…) Vocês poderiam pensar que alguém na Igreja poderia ter feito alguma coisa para resolver o impasse naquele momento. Todas as instituições sociais são, naturalmente, falíveis. Assim também é a Igreja Católica. A nossa Igreja não é uma democracia e não pretende ser. Também não é igualitária. É muito hierárquica. E, geralmente, lava a sua roupa suja atrás de portas fechadas.
A Igreja é composta de muitos membros oriundos de países como o nosso, onde há leis e processos que asseguram a transparência e a justiça natural. Se alguém está para ser removido, ele espera obter um julgamento justo. Se uma queixa contra um cidadão deve ser confirmada por alguém com autoridade, o cidadão tem o direito de conhecer o processo contra eles e tem o direito de ser ouvido. Essas expectativas nem sempre se traduzem rapidamente em uma instituição antiga como a Igreja Católica.
Morris foi um bispo popular, no entanto, incomodou uma minoria de paroquianos e um punhado de padres, alguns dos quais enviavam queixas periódicas a Roma. O bispo norte-americano Charles Chaput visitou a diocese e submeteu um relatório às autoridades do Vaticano que, então, alegaram que os 18 anos de liderança pastoral de Morris foram falhos e defeituosos.
Essa pode ter sido a avaliação de Chaput. Mas nós simplesmente não sabemos. Também não sabemos com que base ou a partir de que evidência a avaliação foi feita. Morris nunca viu o relatório. Morris afirma com justiça que lhe foi negada a justiça natural.
Depois da visita de Chaput, todos os padres da diocese, com exceção de três, escreveram a Roma em apoio à liderança pastoral de Morris. Assim também fizeram todos os líderes pastorais e todos os membros do Conselho Pastoral Diocesano. Morris soube que não poderia ver o relatório e que ele poderia se encontrar com o Papa Bento apenas se ele primeiro submetesse a sua renúncia. Isso certamente colocou Bento XVI, assim como Morris, em uma posição hostil.
(…) Essa é uma tragédia para todos que estão comprometidos com a Igreja, exceto para aqueles que como o rapaz que escreveu no meu Facebook: "Ele [Morris] era um cowboy, não um pastor". É esse tipo de sujeito que provavelmente começou as queixas a Roma, a portas fechadas. Precisamos de mais pastores na luz e de menos cowboys no escuro. Morris foi um bom pastor mesmo para aqueles que agiam como cowboys.
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4 comentários:
Como é possível que os mais elementares direitos humanos não sejam respeitados na Igreja?
Direitos humanos??? Essa é boa...São milhares de dioceses que existem. Esta poderá ter os seus problemas, mas dizer que não são respeitados os direitos humanos faz rir. A única Instituição que conhecemos À face da terra que luta contra a Eutanásia e Aborto com unhas e dentes é para nos questionarmos se faltam direitos humanos.
Penso, como o segundo anónimo que a Igreja é a principal defensora dos direitos humanos no mundo. Mas, como o primeiro anónimo sei que a aplicação da justiça, na Igreja, deixa muito a desejar. A acusação, a defesa e o juiz estão sempre dependentes da mesma instância. Como é possível a transparência? E os arguidos nunca conhecem verdadeiramente o processo. Quem passa por um processo ou julgamento nas instâncias eclesiais nunca sabe bem do que é acusado, não sabe quem são os rostos que acusam, não pode formular uma deseja informada, não tem acesso ao processo... Nestes aspectos, como diz o primeiro anónimo, não há respeito pelos direitos humanos.
Plenamente de acordo com o Jorge Ferreira.
Aliás a Igreja "instituição" que aqui se fala , que defende a Vida, nem sempre é coerente nessa defesa.
Muitas crianças foram molestadas por padres pedófilos, e a Igreja "instituição" em inumeros casos, preferiu maquilhar,ocultar e omitir defendendo criminosos e ignorando vitimas.
Este Bispo foi "afastado" por algo que dentro de algum tempo, a Igreja admitirá.
A Igreja “instituição” não foi tão celere a afastar o caso recente do padre italiano que drogava e molestava sexualmente adolescentes...agora sabe-se que o dito sr já andava nisto há varios anos e tinha sido deslocado de varias paróquias,por indicação dos superiores..
Aliás foi necessário a policia apanhá-lo para então a Igreja se distanciar do referido senhor.
Como Católico praticante , tenho vergonha destes gestos e lastimo muitissimo o que aconteceu na Australia....
Aliás o que se passa por lá e tem surgido por aqui, são pequenos grupos fundamentalistas católicos de “cowboys” que se armam em "policias do templo" denunciando ao Vaticano, aqueles que ousam pensar diferente sobre a ortodoxia católica.
Mas como em tudo há que ter paciencia, e estar atento aos sinais do Espirito Santo !
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