Fartos de palavras. E também eu contribuo para o excesso de palavra. Que ao menos façam sentido. E pelo meio cita-se um português.
Muitas vezes queixamo-nos da imensa ignorância dos jovens relativamente ao Cristianismo. Mas será uma pura perda de tempo produzirmos mais documentos, vídeos, programas de rádio e de televisão, se não nos esforçarmos também por fazer da Igreja um lugar de coragem, alegria e esperança evidentes. Devemos escolher com cuidado as palavras que usamos. A Verdade conta. Mas as nossas palavras serão inúteis, se não estiverem ancoradas em comunidades que mostrem como estão apontadas para além de nós mesmos, para Aquele que nos procurou e nos deu a sua Palavra. Santo António, o pregador franciscano do século XIII, queixava-se de que a Igreja estava «farta» de palavras. As coisas não mudaram muito. Continuamos a produzir grandes quantidades de documentos, longos e aborrecidos sermões, mas se não se apreender uma lufada de liberdade nas nossas vidas, as nossas palavras corromperão radicalmente a pregação do Evangelho.
Timothy Radcliffe, pág. 15 de “Ser Cristão para quê?” (ed. Paulinas)
2 comentários:
"Continuamos a produzir grandes quantidades de documentos, longos e aborrecidos sermões". De facto. E parece-me que geralmente quanto mais palavrosa é a Igreja acerca de determinado assunto, mais está a martelar o pé para caber no sapato. E isto contrasta demasiado com a simplicidade contundente do Evangelho.
Mas como o Jorge bem diz no princípio do post, abusar das palavras, todos abusamos. Eu geralmente tenho bastante dificuldade em não resvalar para o incendiário.
Esteja descansado, Jorge, que as suas palavras estão na conta e são por demais oportunas
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