Nas suas impressões sobre uma viagem a Jerusalém, na década de 1970, Saul Bellow (1915-2005) escreve, citando Ben-Gurion, que “os judeus desconhecem quase por completo a ideia de um inferno onde possam ir parar. O inferno dos judeus é um descontentamento consigo mesmos quando sentem que foram medíocres”.
As frases aplicam-se bem a Portugal e aos portugueses neste momento.
Escreve também que “Jacques Maritain caracterizou o anti-semitismo europeu do século XX como uma tentativa de os europeus se livrarem do fardo moral do cristianismo”, o que é uma ideia estimulante, quando na Europa dos inícios de XXI surgem sinais de facto de intolerância cristã. Cristofobia (ou cristianofobia) sucedâneo do anti-semitismo?
Antes desta ideia, Saul Bellow deixa uma outra: “Por vezes, suspeito que o mundo ficaria contente se visse o fim do cristianismo, e que é perseverança dos judeus que impede isso mesmo”. Ele não explica este seu pensamento para além da frase de Maritain, mas há aqui muito por onde pensar. Destinos ligados.
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