Ramon Llull (esq.) a conversar com com o discípulo Thomas Le Myésier
O Pontifício Ateneu Antonianum de Roma afirma que as acusações que pesavam sobre o franciscano Ramon Llull (1232-1315) são infundadas, tendo publicado o livro “Da Raimondo Lullo a Nicola Eimeric. Storia di una falsificazione testuale e dotrinale”.
Ramon Llull (ou Raimundo Lúlio) foi vítima do conflito entre franciscanos e dominicanos, estes últimos dominando os aparelhos repressivos da Igreja, nomeadamente a Inquisição. Está provado que no séc. XV o inquisidor Nicolau Eimeric falsificou documentos para encontrar as centenas de heresias que disse ter encontrado das obras do leigo franciscano natural de Palma de Maiorca. Agora a canonização de Ramon Llull, venerado logo após a morte, poderá avançar (li aqui).
Ramon Llull (ou Raimundo Lúlio) foi vítima do conflito entre franciscanos e dominicanos, estes últimos dominando os aparelhos repressivos da Igreja, nomeadamente a Inquisição. Está provado que no séc. XV o inquisidor Nicolau Eimeric falsificou documentos para encontrar as centenas de heresias que disse ter encontrado das obras do leigo franciscano natural de Palma de Maiorca. Agora a canonização de Ramon Llull, venerado logo após a morte, poderá avançar (li aqui).
Ramon Llull viveu a maior parte do tempo na Catalunha e foi um precursor do diálogo inter-religioso. Defendia a conversão dos “inféis”, mas por métodos que na altura era tidos como irrealistas: o diálogo, a aprendizagem das línguas e das culturas, nomeadamente o árabe e o hebraico. Foi o primeiro a utilizar uma língua neolatina, no caso o catalão, para expressar conhecimentos teológicos e filosóficos. É considerado o pai da língua catalã.
Luísa Costa Gomes escreveu um magnífico romance sobre a vida deste franciscano da ordem terceira: “Ramón” (ed. D. Quixote, 1994). Além disso, traduziu para português a “Vida Coetânea”, uma biografia anónima escrita nos últimos anos de LLull. Está aqui. Fiquemos com um excerto (mas vale a pena ganhar uma hora a lê-la toda):
Luísa Costa Gomes escreveu um magnífico romance sobre a vida deste franciscano da ordem terceira: “Ramón” (ed. D. Quixote, 1994). Além disso, traduziu para português a “Vida Coetânea”, uma biografia anónima escrita nos últimos anos de LLull. Está aqui. Fiquemos com um excerto (mas vale a pena ganhar uma hora a lê-la toda):
Chegando a Paris, no tempo em que Berthaud chanceler dos Estudos, leu na sua aula um comentário da Arte Geral, mandatado por ele. Lido o comentário e vista a organização dos escolares, Raimon voltou a Montpeller, onde leu de novo publicamente, e fez um livro a que deu o título de Arte de Encontrar a Verdade; Raimon pôs nesse livro, assim como em todos os que fez aí para a frente, apenas quatro figuras, subtraindo ou dissimulando doze das dezasseis que anteriormente apareciam na sua Arte, por causa da fragilidade do intelecto humano de que tivera experiência em Paris. E feito isto em Montpeller, partiu a caminho de Gênova, onde traduziu em árabe o dito livro da Arte Inventiva. Dirigiu depois a Roma os seus passos, desejando, como anteriormente, obter que se fundassem mosteiros em todo o mundo destinados ao ensino das diversas línguas; mas, dado o escasso êxito ali alcançado, dados os impedimentos postos pela Cúria ao seu intento, deliberou regressar a Gênova, na idéia de passar à terra dos Sarracenos, para tentar fazer sozinho alguma coisa entre eles, discutindo com os sábios e manifestando-lhes, segundo a Arte recebida de Deus, a encarnação do Filho de Deus e a beatíssima Trindade das Pessoas Divinas em suma unidade de essência, em que não acreditam os Sarracenos, que, cegos, afirmam adorarem os Cristãos três deuses.
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