É certo que genro de Richard Wagner, o inglês Stewart Chamberlain, que Hitler gostava de ler, escreveu um dia que “Todo aquele que defende que Jesus Cristo era judeu, é ignorante ou desonesto”. E, admita-se, alguns cristãos ainda podem achar estanho ouvir “Jesus era judeu”, seja em relação ao grupo humano em que nasceu ou à religião.
Mas nesta entrevista que saiu hoje na “Visão”, a cultura geral (já nem seque digo teológica ou bíblica) não sai lá muito bem retratada.
É novidade que Jesus foi circuncidado? Isso até os medievais sabiam porque procuram (e alguns diziam que a tinham) a relíquia do “santo prepúcio”. E há quadros renascentistas que pintam a cena.
Quanto ao que Jesus diz e não diz, ele nunca referiu qualquer sacramento. A palavra é uma dezena de séculos posterior. E, na verdade, ninguém diz que o casamento é um sacramento insolúvel. Indissolúvel, sim. E a veneração de imagens, é claramente extrabíblica, que novidade. Vale a pena recordar que a lógica cristã das imagens é simples: se Jesus quis deixar uma memória de si no pão visível, os sinais, por analogia, podem falar das realidades divinas. Veneração. Não culto. São coisas cá dos pobres humanos, por pedagogia.
Também é estranho dizer que Jesus nunca seria anti-semita. Alguém disse que ele era? Talvez fosse mais correcto dizer que Jesus nunca foi antifariseus (havendo até quem diga que Jesus foi um deles). O antifarisaísmo é dos discípulos de Cristo. Surge nos cristianismo primitivo como reacção à expulsão da seita cristã (no início era uma seita) das sinagogas.
Também é estranho dizer que Jesus nunca seria anti-semita. Alguém disse que ele era? Talvez fosse mais correcto dizer que Jesus nunca foi antifariseus (havendo até quem diga que Jesus foi um deles). O antifarisaísmo é dos discípulos de Cristo. Surge nos cristianismo primitivo como reacção à expulsão da seita cristã (no início era uma seita) das sinagogas.
Espero que o livro seja melhor do que promete a entrevista. É muito fácil pegar no que Jesus fez ou não fez e questionar as práticas eclesiais actuais, que, de uma maneira geral, querem ser fiéis a Jesus e à Tradição que dele brota. Na realidade, até acho que esse questionamento deve ser feito mais vezes, mas com mais profundidade e, como crente, com mais sentido evangélico.
2 comentários:
Este é um daqueles textos que se deveria começar a ler do fim para o princípio. Lendo a última resposta, ninguém se atreveria a perder tempo a ler as duas anteriores.
Parabéns pelo excelente blog.
Obrigado pelas suas palavras estimulantes.
JPF
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