John Shelby Spong (EUA, 1931, bispo retirado da Igreja Episcopal de Newark) escreveu "A New Christianity for a New World: Why Traditional Faith Is Dying and How a New Faith Is Being Born" (Um novo cristianismo para um novo mundo: Como a fé tradicional está a morrer e como uma nova fé está a nascer), que agora foi publicado em Itália.
Li aqui um texto sobre esse livro e as suas concepções não teístas de Deus. O Deus de Jesus, claro. Não conhecia estas teorias, embora há muito se fale de Deus tanto transcendente como imanente. Mas são ideias estimulantes.
O autor professa-se como "um alegre, apaixonado, convicto crente na realidade de Deus". "Acredito que Deus é real e que eu vivo profunda e significativamente em relação com essa divina realidade. Proclamou Jesus como meu Senhor. Acredito que ele mediou Deus de um modo poderoso e único na história da humanidade e em mim".
Do artigo:Assim, a nova maturidade que nos é pedida, traduzindo-se na dolorosa, assustadora renúncia a "um ser sobrenatural que nos sirva de genitor, que nos cuide, nos vigie e nos proteja", abre caminho para uma nova busca: a de "uma transcendência que entra na nossa vida, mas que nos chama para além dos limites da nossa humanidade, para para um ser externo, mas para o Fundamento de todo o ser", para a compreensão de um Deus que "pode ser aproximado, experimentado, apresentado de modo radicalmente diferente".
A pergunta diante da qual nos encontramos torna-se: "Existe uma realidade que concordamos em chamar com a palavra de Deus, cujo rosto pode estar escondido, mas cujos efeitos posso ver?". E Spong não se isenta à tentativa de dar uma resposta: "Deus é a fonte última da vida. Venera-se Deus vivendo plenamente, compartilhando profundamente". E ainda: "Deus é a fonte última do amor. Adora-se esse Deus amando generosamente, difundindo amor com delicadeza, doando amor sem se deter para avaliar o custo".
Estas ideias aproximam-se, parece-me, das de um livro de Christian Bobin, que li há mais de uma década e definitivamente perdido nos “livros emprestados”. Tratava-se de uma biografia de S. Francisco de Assis em que este tratava a Deus por “o Baixíssimo”. Aliás, a proximidade de Deus (Abbá, papá), é afinal, a grande inovação religiosa do cristianismo.
As consequências que Spong antevê para a Igreja não são muito diferentes do que em vários sectores católicos se defende.
Do mesmo modo, a Igreja do futuro se dedicará à expansão do Reino de Deus, agindo com determinação não por um programa religioso, mas pelo programa da vida, da vida em abundância para todos, não impondo sua própria verdade a ninguém, mas vivendo só "para aumentar o amor que está presente na vida".
Vale a pela ler e pensar. “Mudança ou irrelevância, enfim, é essa alternativa: embora a tarefa seja imensa, embora pareça ambiciosa, a reformulação de toda a fé cristã será sempre mais o seu único caminho de sobrevivência”.
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