quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Bem-vindo, amigo ex-luterano

Jeff e Peg Henry

Jeff Henry, 51 anos, foi pastor da Igreja luterana até há cinco anos e agora é católico. É casado há 26 anos com Peg e tem uma filha adulta. Vai ser ordenado diácono em Janeiro de 2011 e padre no dia 4 de Junho seguinte. Católico, claro. Li aqui e confirmei aqui. O Vaticano aprovou o processo no final do mês de Novembro.

Apetecia-me dizer ao norte-americano: Bem-vindo à grande Igreja católica! Embora ele já por cá ande há cinco anos. Mas não posso deixar de sentir alguma estranheza por processos deste tipo, isto é, pastores de outras confissões (habitualmente anglicanos/episcopalianos e luteranos) que são acolhidos como ministros na Igreja católica com o que os padres católicos não podem ter: uma família.

Nos Estados Unidos há cerca de uma centena de casos de padres católicos casados. Em Portugal havia um, o Padre Saul Sousa, vindo da Igreja Lusitana (“anglicanos portugueses”), que morreu no dia 11 de Outubro de 2010.

Não me sinto aqui como o irmão do filho pródigo, descontente por o pai abraçar o filho “que andava perdido”. Mas penso que é injusto e ilógico (como aliás se diz numa das notícias).

Injusto porque aos padres católicos exige-se o celibato, por vezes com o argumento de que o celibato é praticamente essencial para o sacerdócio ministerial católico. Mas abrem-se excepções para luteranos, anglicanos regressados (“bem-vindos”, mais uma vez) e greco-católicos (que, na sua origem, são também os ortodoxos casados a regressar ao catolicismo), enquanto o Papa se manifesta contra a existência de um clero celibatário e outro de homens casados e afirma: “Que haja bispos que, na confusão do tempo actual, pensem sobre isso, é algo que consigo compreender” (p. 154 de “Luz do Mundo”). [Mais à frente (p. 148), numa estranha inversão lógica, diz: “A homossexualidade não é compatível com o sacerdócio. Se não, o celibato como renúncia também não teria sentido”.]

Ilógico, porque, admitindo as excepções, a Igreja tem dito que o que pode fazer é reconhecer o sacerdócio ministerial de homens casados. Ora, o que no caso de Jeff Henry vai acontecer é uma ordenação, primeiro diaconal e depois presbiteral.

Gostava de conhecer melhor este processo e, já agora, o dos padres e bispos anglicanos descontentes com o que se passa na Igreja anglicana e que querem entrar na católica, para deixar de pensar que há aqui dois pesos e duas medidas.

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