quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

16 de Dezembro de 1928. Nasce Philip K. Dick

Philip K. Dick como andróide, numa alusão a "Blade Runner"

Philip Kindred Dick nasceu em Chicago, a 16-12-1928, com a sua irmã gémea, que morreu pouco depois, e viveu na Califórnia desde a infância. Morreu no dia 2 de Março de 1982. Escreveu 44 romances e 121 contos de ficção científica. Já toda a gente deve ter visto pelo menos um filme adaptado de romances ou contos deste autor, de “Relatório Minoritário”, da Spielberg, a “Blade Runner”, de Ridley Scott, passando por “Pago para esquecer”, de John Woo.

Em português saiu há dias uma nova edição de “O Homem do Castelo Alto”, romance cujo resumo de vez em quando serve para ilustrar artigos de reflexão histórica e política. Não o li, mas já peguei na nova edição, que traz um longo ensaio de Nuno Rogeiro. O enredo, em resumo, diz que os alemães e os japoneses ganharam a II Guerra Mundial. Mas algures numa pequena cidade, nos anos 60, um homem imagina que os alemães, que então querem chegar a Marte, e os japoneses, que ocuparam a costa Oeste dos EUA, perderam a guerra. Numa história alternativa, o homem do castelo alto imagina a história real.

Nos anos 1970, Philip K. Dick teve uma série de visões, algumas de carácter religioso, a que não serão alheias experiências com drogas. Numa delas, sentia-se como “Thomas”, um cristão do primeiro século perseguido pelos romanos.

Mas se me lembrei de apontar hoje este romancista, o motivo reside principalmente em duas das suas obras, ambas publicadas em português:

- Em “O Deus da Fúria” (obra co-assinada com Roger Zelazny), decreve uma seita que presta culto ao responsável pela destruição do mundo numa guerra nuclear;

- Em “A Transmigração de Timothy Archer” apresenta uma narrativa de “tutano teológico” (a expressão é do DN de 23-10-2010), fundamentada nos Manuscritos do Mar Morto [escritos do Antigo Testamento e outros que pertenciam à comunidade dos essénios, espécie de seita do tempo de Jesus que vivia nas grutas do deserto] e nas suas visões.

1 comentário:

M.A.Martins disse...

Este é um autor fundamental da chamada ficção científica "especulativa". Geralmente, a este tipo de literatura são apontados três grandes mestres: Azimov, Clark e Heinlein. Eu acrescentaria Philip K. Dick com a sua obra integral. Deste autor recomendo vivamente as obras já apontados no artigo, mas também "Ubik", onde é abordada a questão do que é ou não real, e que acaba de forma magistral. Este é um livro no qual NUNCA se deve espreitar o final, mas esperar que ele nos encontre naturalmente, sob pena da obra perder todo o interesse. (há duas edições e português; a da colecção Europa-América, e a da Editorial Presença.)Outra obra muito curiosa foi publicada na extinta e saudosa colecção Argonauta com o título "O homem mais importante do mundo", e com o mai apropriado título original: " Time out of Joint". Neste livro, o autor também aborda a temática do que é aparente e do que é real. Enfim, um autor sério com obras sérias, a não perder por quem quer entrar numa mente estranha e genial.

Manuel Álvaro Martins

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