“Nada ou pouco sei dos meus maiores portugueses: os Borges”, escreveu Jorge Luís Borges. António Alçada Baptista, que em “A pesca à linha. Algumas memórias” (ed. Presença, 1998) dá conta das três vindas do escritor argentino a Portugal, diz que a frase é mais reveladora da rejeição de Espanha do que uma efectiva ascendência portuguesa. “Julgo que é nesse processo mais vasto do seu inconsciente [de recusa da Espanha] que deve radicar-se o seu portuguesismo de que tanto se orgulha”.
De qualquer forma, diz-se que um ascendente de Jorge Luis Borges era de Torres de Moncorvo. A Wikipedia tem: “Segundo um estudo de Antonio Andrade, Jorge Luis Borges tem ascendência portuguesa: o bisavô de Borges, Francisco, teria nascido em Portugal em 1770 e vivido na localidade de Torre de Moncorvo, situada no Norte de Portugal, antes de emigrar para a Argentina, onde teria casado com Cármen Lafinur”.
Alçada Baptista afirma que Jorge Luis Borges nunca chegou ir a Torre de Mocorvo. Porém, explicou ao português como -se como via a terra dos antepassados, «na encosta de um monte, rodeado de pinhais». "Neste ano de 1997 [ano de escrita do livro de memórias], Torre de Moncorvo prestou-lhe uma homenagem merecida. Inaugurou a Avenida Jorge Luis Borges, com a presença do Presidente da República. Sei que continuam as investigações, em troca de correspondência com a família, para localizar esse antepassado militar que foi para a Argentina, contratado para aquelas guerras. Ainda não foi localizado”, escreve Alçada Baptista (pág. 123).
Neste sítio afirma-se, também, que o argentino D. Luis Guillermo de Torre, parente de Jorge Luis Borges e membro da Comissão Heráldica da Argentina, forneceu dados biográficos fundamentais sobre Francisco Borges. Os dados contradizem as datas da Wikipedia, mas confirmam a ascendência portuguesa . Francisco Borges terá sido baptizado numa das paróquias de Moncorvo, talvez em 1782 (e não 1770). "Era filho de Manuel António Cardoso e de Maria Antónia. Ignora-se o apelido da mãe, que se supõe ser Borges. Chegou ao Rio da Prata em 1817, na expedição do general Lecor. Casou em Montevideu, em 3 de Fevereiro de 1829, com a argentina Carmen Lafinur».
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