terça-feira, 20 de julho de 2010

Paula Rego 1: Deus, milagres e santos

Li ontem uma entrevista a Paula Rego extraordinária e desconcertante ao mesmo tempo. Veio no DN, papel, de 11 de Julho. Pode ser lida on-line aqui.

A sinceridade desarmante com que a pintora responde às perguntas de João Céu e Silva e as histórias inverosímeis que a norteiam fazem com que a leitura seja irresistível.

Dois excertos. O primeiro. Sobre Deus, milagres, Igreja e santos (o segundo aqui).


Como é que é a sua relação com a religião? Acredita em Deus?

Pois, com certeza! E nos milagres!

E há milagres?

Espero...

Já beneficiou de algum milagre?

Não, não tive nenhum milagre. E, se o tive, não me lembro.

Mas a sua relação com Deus é uma relação fácil e de amor?

Ai, não sei... Eu não gosto nada do Papa, não gosto nada do que a Igreja Católica faz. Nada! Porque são muito maus para as mulheres, muito estúpidos em relação aos abortos e nessas coisas todas. Nada, nada, nada. Mas os santos e as figuras que temos nos livros de quando se é pequenina - os que têm a santa isto e a santa aquilo - é diferente. É como as fadas.

Para além dos casos de pedofilia!

Pois é, e sempre foi assim, com certeza. Não me espanta nada. Fazia parte dos seus deveres [dos meninos] porem-se de rabo para cima.

Separa Deus da Igreja que existe?

Deus nada tem a ver com a Igreja Católica, esta Igreja é o Papa. Também há as outras igrejas, como temos cá em Inglaterra, mas essas parece que não são igrejas a sério.

Mas a convivência com Deus para si é fácil, é uma coisa boa?

Deus é assim uma coisa muito grande, eu gosto mais dos santos.

Dos santos das nossas igrejas?

Sim, é desses que gosto muito! Os santos das igrejas, a Maria Madalena... O meu painel na National Gallery foi todo tirado de livros de santos, porque as suas histórias são extraordinárias.

Sem comentários:

Há um sínodo?

O sínodo que está a decorrer em Roma é de uma probreza que nem franciscana é. Ou há lá coisas muito interessantes que não saem para fora ou ...