Li ontem uma entrevista a Paula Rego extraordinária e desconcertante ao mesmo tempo. Veio no DN, papel, de 11 de Julho. Pode ser lida on-line aqui.
A sinceridade desarmante com que a pintora responde às perguntas de João Céu e Silva e as histórias inverosímeis que a norteiam fazem com que a leitura seja irresistível.
Dois excertos. O primeiro. Sobre Deus, milagres, Igreja e santos (o segundo aqui).
Como é que é a sua relação com a religião? Acredita em Deus?
Pois, com certeza! E nos milagres!
E há milagres?
Espero...
Já beneficiou de algum milagre?
Não, não tive nenhum milagre. E, se o tive, não me lembro.
Mas a sua relação com Deus é uma relação fácil e de amor?
Ai, não sei... Eu não gosto nada do Papa, não gosto nada do que a Igreja Católica faz. Nada! Porque são muito maus para as mulheres, muito estúpidos em relação aos abortos e nessas coisas todas. Nada, nada, nada. Mas os santos e as figuras que temos nos livros de quando se é pequenina - os que têm a santa isto e a santa aquilo - é diferente. É como as fadas.
Para além dos casos de pedofilia!
Pois é, e sempre foi assim, com certeza. Não me espanta nada. Fazia parte dos seus deveres [dos meninos] porem-se de rabo para cima.
Separa Deus da Igreja que existe?
Deus nada tem a ver com a Igreja Católica, esta Igreja é o Papa. Também há as outras igrejas, como temos cá em Inglaterra, mas essas parece que não são igrejas a sério.
Mas a convivência com Deus para si é fácil, é uma coisa boa?
Deus é assim uma coisa muito grande, eu gosto mais dos santos.
Dos santos das nossas igrejas?
Sim, é desses que gosto muito! Os santos das igrejas, a Maria Madalena... O meu painel na National Gallery foi todo tirado de livros de santos, porque as suas histórias são extraordinárias.
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