Há aquela anedota de Jesus ir ao estádio e acudir sempre pelos que têm a bola, fossem católicos ou protestantes. Era um jogo entre confissões cristãs, mas o que interessava a Jesus era o jogo pelo jogo.
Agora, com uma meia-final realizada e outra por realizar, parece-me que há algo de comum nos dois jogos: a criatividade e o crer católico (Uruguai e Espanha) contra o rigor e método protestante (Holanda e Alemanha).
Na realidade, as coisas não são assim tão lineares. É certo que os latinos geralmente são católicos. Mas na selecção do Brasil há diversas igrejas. Muitos são evangélicos. Como Kaká, que é marido de uma pastora. De qual denominação? E na Holanda, tradicionalmente um país de liberdade religiosa, o mais certo é serem indiferentes. É um dos países mais seculares da Europa, embora há 50 anos 30 por cento fossem católicos e os restantes protestantes.
Quando após a fase de grupos todas as equipas falantes de português e espanhol seguiam em frente excepto a das Honduras, parecia que a fé católica dominava o mundial. Mas não só não se sabe o que é realmente a fé, como parece abundar a superstição. Vejam-se as oito vezes que Maradona se benze antes de cada jogo. E uma no final.
Mas quem pode qualificar tais gestos? Claro que este texto não é sobre fé. É sobre sinais de fé. E como disse o escritor uruguaio Eduardo Galeano, “o futebol é a única religião que não tem ateus”. Não sei se se referia a adeptos, se a jogadores.
Agora vem-se a saber que o Uruguai atribui a sua boa prestação a São Cono, porque um menino de nove anos distribuiu pelos jogadores da equipa uma imagem de São Cono antes de partirem para a África do Sul (aqui). O número de São Cono é o 3. Celebra-se a 3 de Junho. Ontem, mais uns minutos de jogo e o Uruguai marcava o terceiro. Mas não deu.
Do outro lado esteve uma selecção onde tem pontificado Wesley Sneijder… o católico.
“Em Milão, onde Mourinho lhe outorgou toda a sua confiança e lhe deu plenos poderes, Sneijder não só recuperou seu nível de jogo de antigamente – excelente cobrador de faltas, boa visão de jogo, grande chegada à área desde a zaga –, mas também colocou sua vida em ordem. E tudo graças a outra mulher, a bela Yolanthe Cabau van Kasbergen, atriz, apresentadora e modelo holandesa nascida em Ibiza, com a qual começou a sair em agosto do ano passado, pessoa que o convenceu a completar sua conversão ao catolicismo.
«Fui à missa uma vez junto com meus companheiros e, ao fazer parte dela, senti uma força e uma confiança que me perturbaram”, destacou o jogador, que, animado pela sua nova namorada e pelo capitão da Inter, Javier Zanetti, se inscreveu nos cursos de catequese para adultos, até receber o sacramento do batismo em junho deste ano, poucos dias antes de viajar para a África do Sul”. Li aqui.
Faltam dois jogos para acabar o mundial: a outra meia final (Espanha - Alemanha) e a final. O jogo de apuramento do terceiro e quarto lugares pouco conta. Se houver novidades, volto ao assunto. Falo de fé e religião, não de golos.
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