quinta-feira, 15 de julho de 2010

Depois do Concílio Vaticano IV


Pedro Mexia, n'A Lei Seca (aqui, ver 14 de Julho):

Em Catholics, bizarro telefilme de 1975 baseado num romance de Brian Moore, a Igreja teve o seu Concílio Vaticano IV, e depois disso um grupo de frades rebeldes refugiou-se numa ilha. Aí celebram a missa em latim e vivem uma cristandade antiga, em comunidade. A Igreja Católica do futuro, tal como surge nesta ficção, é a Igreja dos sonhos de Küng. Ou, desçamos o nível, de Anselmo Borges. É uma Igreja modernaça, onde tudo o que é sagrado ou metafísico foi tornado meramente «simbólico» e mediaticamente aceitável. A Igreja aboliu a confissão, a transubstanciação, a oração, e defende a união de todas as religiões numa única grande ideologia «humanista» e imanente. Já não há «mistério da fé», porque já não há mistério nem fé. E a hierarquia tenta que os rebeldes se submetam à ortodoxia liberal. Somos então confrontados com uma curiosa dúvida: vale mais uma fé inabalável baseada em possíveis falsidades ou a verdade humanista mas sem convicção? Não é de todo esse o estado do catolicismo em 2010, mas este objecto de 1975 deve ser guardado para memória futura.

Fim de cópia.

O actor principal do filme (que vários sítios da Internet dizem que é de 1973; o romance é de 1972) é Martin Sheen.

Brian Moore nasceu em 1921, na Irlanda, e morreu em 1999, na Califórnia. Oriundo de uma família de nove irmãos, perdeu a fé quando era jovem. As suas obras reflectem com frequência as temáticas católicas, principalmente a perda de fé. Teve uma irmã freira que criticou os seus escritos. É autor do romance que está na origem do filme "The Statement", de 2003, sobre um francês colaboracionista que entregou judeus aos nazis.

Não creio que a Igreja do filme (e do romance, pelo que acabei de ler on-line) seja a de Kung ou Borges. Seria mais a do prosseguimento do protestantismo liberal e de algum modernismo católico. Mas passa a ideia.

Sem comentários:

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