"A morte captura-nos sempre, mas passamos a vida a evitar pensar nisso. A morte desertou das nossas sociedades: ela é sempre, mesmo para os crentes, para mais tarde e para os outros. Quanto mais o medo e o desconforto diminuem, mais a ideia de um paraíso e de uma felicidade no além se afastam. Nos períodos de medo, nos momentos sombrios da História, nos quais a vida era penosa e miserável, o paraíso e a esperança de uma felicidade eterna no além constituíam uma espécie de antídoto. Agora que a vida é materialmente mais fácil, esfuma-se a imagem desse paraíso. Porque temos em abundância os meios materiais para aproveitar a vida, atribuímos muito mais importância ao destino terreno e recuamos sempre no momento de pensar na morte".
Jean Delumeau in "A mais bela história da felicidade", Edições Texto & Grafia, pág, 129.
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