Pio XII, no dia 19 de Julho de 1943, após o bombardeamento de Roma pelos aliados, visita o bairro da antiga Basílica São Lourenço, meia destruída (ao pé dela ficava um quartel-general alemão), e mistura-se com a multidão atordoada. Max Bergerre, correspondente da Havas (futura AFP), escreve: “Quando, perto da gare central, avistei os primeiros sobreviventes do bairro de São Lourenço, rostos cobertos de fuligem, arrastando carros de mão onde haviam amontoado colchões e alguns míseros objectos, disseram-se que o Papa saíra, acompanhado por monsenhor Montini, para ir aos escombros fumegantes abençoar os mortos e os feridos […]. Regressou, como é sabido, com as vestes maculadas de sangue”. Nesse dia, mulheres em pranto interpelam o Papa:
- Padre Santo, dateci la pace! La pace! Non ne possiamo più! (Santo Padre, dê-nos a paz! Paz! Estamos fartos!)
Esta imagem permanecerá nos espíritos, tal como os esforços envidados pelo Papa, em Maio e Junho de 1944, para que o governo italiano proclame Roma «cidade aberta», renunciando a defendê-la pelas armas, mas poupando-a a mil e uma destruições durante a reconquista pelos Aliados. A 5 de Junho, quando o exército do general Juin entra em Roma, várias centenas de milhares de romanos confluem para a praça de São Pedro e celebram Pio XII, no defensor civitatis, salvador da Cidade Eterna.
Extraído de Bernard Lecomte, "Os Segredos do Vaticano" (ed. Asa), páginas 61-62.
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