quinta-feira, 20 de maio de 2010

O avião português de Paulo VI

Caravelle da TAP (airliners.net)

Na “Visão” de hoje, uma nota sobre o uso da TAP pelos papas. Os pontífices católicos usaram os aviões da companhia portuguesa quatro vezes.

A primeira dessas vezes encerra alguma ironia. Paulo VI voou de Roma para Monte Real (base área militar, perto de Fátima), no dia 13 de Maio de 1967, num Caravelle (foto em cima), um dos primeiros jactos comerciais, de fabrico francês. Ora, a TAP tinha três, o Goa, o Damão e o Diu. Estes aviões tinham por nome os enclaves portugueses na União Indiana.

Como é sabido, Salazar não queria dar o visto a Paulo VI por causa do Papa ter visitado a Índia em 1964, uns anos após a invasão das antigas possessões portuguesas (1961). Salazar sentiu tal gesto como uma afronta e disse a Franco Nogueira, seu ministro dos Negócios Estrangeiros: “Enquanto eu for vivo, o Papa não entra aqui”. Contudo, o visto acabou por ser dado e o Papa entrou em Portugal, não por Lisboa, como seria normal, mas por Monte Real. Salazar, apesar de tudo, foi dar as boas-vindas ao Papa à base militar perto de Leiria. Podia ter falado com o Papa 20 minutos, mas não falou mais do que oito. Não havia muito a conversar.

Pode ter sido mera coincidência, mas de certeza que a velha raposa reparou que o avião em que o Papa viajou tinha o nome de um território que governante reivindicava para Portugal e que era motivo de mal-estar entre a diplomacia portuguesa e a vaticana.

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