O impulso religioso manda acreditar e ter fé, enquanto o impulso filosófico manda que se duvide e questione. Os amantes sabem que preferem estar errados e apaixonados e estar na dúvida e sem amor. Preferem acreditar a duvidar. Tomo este reflexão emprestada de Alain de Botton (“Ensaios de Amor”, ed. D. Quixote).
Mas são só os amantes que pensam daquele modo? Olha-se para todo o lado e parece que as pessoas preferem viver na ilusão, na mentira, na virtualidade, na medicação desde que sejam felizes a viver pura e simplesmente na realidade (mas quem poderá dizer o que ela é?), com dúvida, dor e desilusão.
Se a fé ainda fosse ópio, os tempos estariam bons para a fé. Mas a fé afirma-se como principal aliada da verdade (veja-se Bento XVI e o combate ao relativismo, o elogio da verdade, a qual, no último momento cede para Aquele único que está acima da verdade). Os tempos estão tão maus para a fé como para a verdade. E a vontade quer outras coisas, com o impulso filosófico a dizer-lhe que tudo vale desde que queira que valha. O impulso religioso cristão manda que se acredite na verdade. O impulso filosófico manda que se duvide da verdade e se ceda à vontade. Caminhos confusos os nossos.
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