Uma reflexão sugestiva por Joaquim Letria (“24 horas”, de 12 de Janeiro de 2010), que ainda há dias escreveu sobre as homilias das missas. Aqui.
Vozes do céu
INDEPENDENTEMENTE do que creio, gosto de percorrer diversos templos, de diferentes credos, e observar o modo como sacerdotes e crentes se interrelacionam, de modo a que uns se aliviam e outros se responsabilizam, todos nas mãos de Deus. Talvez aqueles que mais me impressionam sejam os ortodoxos, com os seus coros, vozes de baixo sentidas e música igualmente profunda.
Em Moscovo, amigos meus devem ter ficado com a impressão de que eu seria profundamente religioso, por estar sempre a perguntar as horas dos serviços religiosos que depois acompanhava. Ignoravam eles que era pela beleza do rito que diariamente seguia aquela liturgia que um dia me fora recomendada por Melo Antunes em Sofia, numa visita oficial à Bulgária, onde me nasceu este apego ao ritual ortodoxo.
Aqui há tempos, a mesma curiosidade levou-me à abadia de Westminster onde pude ouvir o arcebispo de Cantuária falar com a sua voz modulada de homem, dizendo frases normais, sem lugares comuns nem palavras vãs.
A voz dos sacerdotes anglicanos soa a voz de maridos com formação de homens, no que muito diferem do tom de flauta rachada, e impessoal, da maioria dos clérigos portugueses. Terão eles de falar assim?!
Obrigado, Fernando Correia de Oliveira, pela sugestão deste texto.
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