quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Kepler e a estrela dos magos

Giotto (séc. XIV), os magos e o cometa Halley

Hoje é Dia de Reis, embora a Igreja católica, por arranjos de calendário, já tenha celebrado a Epifania no domingo passado. A estrela dos magos (em nenhum momento do relato do evangelista que fala do assunto, Mateus, se diz que eram Reis e que eram três) é pretexto para pagar uma dívida a Kepler.

Johannes Kepler (Estugarda, 27-12-1571 - Regensburg, 15-11-1630) é para aqui chamado porque foi o primeiro que tentou uma explicação científica para a estrela que os magos viram (Mt 2,2: “Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”, dizem a Herodes).

A dívida tem a ver com o facto de ao ter invocado um livro que diz quer Kepler assassinou Tycho Brahe (aqui) ter prometido um ponto a favor do alemão e nunca o ter apontado.

A estrela

Em 1614, Johannes Kepler calculou que uma conjugação de Júpiter e Saturno teria ocorrido no ano 7 a.C. (o que corresponderia às modernas datações, que dizem que o nascimento de Cristo deverá ter ocorrido entre –4 e –6). Imaginava o astrónomo/astrólogo que tal conjugação produzia uma “nova”, que seria a estrela vista pelos magos. Os cálculos modernos dizem, no entanto, que tal conjugação, nas proximidades do nascimento de Jesus Cristo, não seria visualmente impressiva. Kepler não foi nem podia ser muito exacto com os meios de que dispunha.

Outras explicações foram lançadas para a estrela de Belém. Houve quem dissesse que se tratou do cometa Halley. Foi visível na região no ano 12 a.C. Muito antes da suposta dada. É este cometa que Giotto pinta no fresco. Foi novamente visto no início do séc. XIV.

A defesa de Kepler

Por falar em meios... O ponto a favor de Kepler no caso do suposto assassínio de Tycho Brahe vem do facto de o astrónomo alemão, sabendo que Galileu tinha um instrumento que permitir basculhar os céus, ter escrito ao cientista italiano. Com alguma simpatia, pedia ao italiano que lhe emprestasse a luneta. Galileu nem sequer lhe respondeu e Kepler teve que procurar outros meios. A questão é: os assassinos costumam ser simpáticos?

E mais uma dúvida

Entretanto, li que Kepler se dedicava mais à magia e à astrologia do que à ciência. E que teria conhecimento do Códice de Justianiano, que considerava as artes mágicas um crime tão grave como o de envenenamento. Será que Kepler, praticante de magia e de astrologia, julgando-se perdido (perdido por um, perdido por mil), foi mesmo o assassino, por envenenamento, de Tycho Brahe?

Sem comentários:

Só há doze bispos no mundo. São todos homens e judeus

No início de novembro este meu texto foi publicado na Ecclesia. Do meu ponto de vista, esta é a questão mais importante que a Igreja tem de ...