Mais um excerto sobre Mozart, agora na companhia do teólogo suíço, da Igreja Reformada, Karl Barth.
"Karl Barth, talvez a mais importante cabeça teológica deste século [XX], tinha o costume de todas as manhãs, antes de sentar-se a escrever as páginas da sua Dogmática, interpretar ao piano algumas das sonatas de Mozart, como se esperasse que a música do salzburguês lhe revelasse essa «sabedoria central» que Barth considerava superior a todas as teologias, e que o levava a pensar que ele, ao fim e ao cabo, se salvaria mais pelo que guardasse do Mozart menino do que pelos conhecimentos que conseguisse armazenar em sua vida.
Um dia Barth teve um sonho: estava designado para fazer a Mozart um exame de teologia, e como admirava profundamente, para ele poder fazer um exame brilhante, interrogou-o sobre a teologia das suas missas. Mas Mozart, o interrogado, continuava totalmente silencioso, sabendo muito bem que não podia traduzir em palavras o que ele quisera exprimir através da música. Trauteava por isso o «Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo», como se quisesse dizer que ali se resumir toda a sua teologia”.
José Luís Martín Descalzo, "Razões para o Amor" (Ed. Missões, Cucujães), pág. 101
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