segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Edward Schillebeeckx. Ecos de uma conferência em Lisboa - 2

A conferência de Schillebeeckx, em Lisboa, em 1966, intitulada “O Deus Oculto”, sugeriu uma nova compreensão do mundo e no homem, na qual há um certo “obscurecimento” de Deus. Mas esse “obscurecimento”, para um teólogo avisado, significa mais uma purificação da imagem de Deus do que um acréscimo de ateísmo.

“Desde há alguns anos que se fala tanto da «ausência» de Deus, que todos nós admitimos sem a menor crítica, que essa ausência era facto indiscutível. Incontestavelmente, Deus não se encontra onde antigamente o fazíamos intervir subitamente para suprir as nossas incapacidades terrestres e humanas. Forçávamo-lo a estar presente. E nem sequer notávamos que essa presença era totalmente desprovida da gratuidade que caracteriza qualquer presença autêntica. Por isso, nos tornámos hoje em dia cegos para a diferença entre a ausência e presença oculta cegos para a presença insuspeitada mas profunda de Deus na maneira mais verdadeira por que é vivida nos nossos dias a comunhão humana. Na verdade, nunca na história a presença de Deus no mundo foi tão intimamente e tão sensivelmente real como na nossa época – que, no entanto, por toda a parte proclama a sua ausência! Como se Deus não se tornasse apenas presente de uma maneira plena no momento em que a preocupação desinteressada pelo próximo entra verdadeiramente no nosso projecto de vida fundamental e é desejada de modo efectivo. Pois é bem o que sucede nos nossos dias; e por isso Deus se encontra infinitamente mais próximo hoje do que dantes. Se sem cessar proclamamos a sua ausência, isso prova que a mentalidade antiga, que o olhava como um «tapa-buracos», influencia ainda de modo inconsciente as nossas concepções e nos nossos juízos”.

Primeira parte.

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