Hanno desenhado por Rafael
D. Manuel I ofereceu a Leão X um elefante. Não se trata do elefante de D. João III, que foi de Lisboa para Viena e inspirou a saramaguiana “Viagem do Elefante”. Chamava-se Hanno, em homenagem a um antigo general de Cartago. Era indiano, branco, provavelmente albino.
O rei português ofereceu o elefante após a coroação de Leão X. Chegou a Roma em 1514, numa embaixada chefiada por Tristão da Cunha e que incluía dois leopardos, uma pantera, alguns papagaios, perus e cavalos indianos. Hanno carregava um cofre com paramentos bordados com pedras preciosas e moedas cunhadas para a ocasião. Foi recebido pelo Papa no Castelo de São Ângelo. Ajoelhou-se três vezes perante o pontífice, e aspergiu água sobre os cardeais e a multidão.
Hanno tornou-se a mascote preferida do Papa, mas não se deu muito bem em Roma. Passados dois anos, adoeceu e deram-lhe um purgante à base de ouro (o ouro no pontificado de Leão X foi muito prejudicial…). Morreu com o Papa ao seu lado.
Há diversos desenhos e poemas sobre o Hanno. O próprio Papa compôs o epitáfio, que já não existe, mas foi recolhido num caderno por Francisco de Holanda.
Aurélio Sereno foi um dos que escreveram sobre o significado de Hanno para a época:
“Que nos mostra hoje esta besta, na qual estão contidas tantas virtudes, que pode viver por trezentos anos, é progenitor apenas uma vez na sua vida, que respeita a religião, que saúda o nosso Santo Pai, que compreende a linguagem humana. Um tal portento só se vê uma vez, como foi visto por César e Pompeu, e Aníbal, e alguns outros favorecidos por Júpiter no seu tempo, e vós, oh Príncipe, entre esses poucos podereis ser nomeado”.
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