sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

D. Carlos Azevedo: Às voltas com o Planeta

D. Carlos Azevedo, na sua coluna do Correio da Manhã, escreve sobre crise ecológica e crise moral, invocando a Cimeira de Copenhaga, a mais recente encíclica de Bento XVI ("A Caridade na Verdade") e a mensagem do mesmo Papa para o dia 1 de Janeiro de 2010, "Se queres cultivar a paz, preserva a criação".

O texto foi retirado daqui.

Passou o tempo de pagar a quem ridicularizasse as ‘questões verdes’. Já não há lugar para desvalorizar a consciência ecológica, que implica a responsabilidade de todos, como "problema social de grande envergadura". Assim o revelou a Cimeira de Copenhaga, na Dinamarca, que termina hoje com a presença de delegados de 192 países. Só a quantidade de países, quase totalidade do mundo, é por si extremamente significativa da gravidade do problema ecológico.

É fundamental uma palavra credenciada para orientar a reflexão, dado que sobre o tema do clima e da salvaguarda da criação há muita confusão, diversidade de visões, de análises e até de explicações científicas. A ciência parece vendida a quem lhe encomenda o estudo ou o parecer! Realmente, qual a evolução, qual a gravidade, qual o peso das intervenções humanas na evolução do Planeta? Bento XVI dedica a sua mensagem para o dia 1 de Janeiro de 2010, Dia Mundial da Paz, ao tema ‘Se queres cultivar a paz, preserva a criação’.

Ora, é impossível ignorar a preocupação não alarmista, mas fidedigna, que o desleixo ou mesmo o abuso em relação à terra e aos bens naturais está a causar. "Seria irresponsável não tomar em séria consideração" o apelo a uma nova solidariedade que atinja uma renovação cultural profunda. Na linha do que Bento XVI afirmou na ‘Caritas in Veritate’, a crise ecológica só pode ser avaliada por uma "revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento e também reflectir sobre o sentido da economia e dos seus objectivos, para corrigir disfunções e deturpações".

Dado que o ‘estado da saúde ecológica’ se inter-relaciona com as outras crises, como a crise moral, impõe-se um modo de viver "marcado pela sobriedade e solidariedade, com novas regras e formas de compromisso". É este discernimento que os governantes do mundo têm imperiosamente o dever de operar de modo responsável pelo futuro das novas gerações. O ser humano não é um igual entre os seres vivos. Somos guardiães da criação e não podemos cruzar os braços. "Quando cuidamos da criação, verificamos que Deus, através da criação, cuida de nós." Atravessa a mensagem papal um vivo apelo à responsabilidade ecológica de todos os cidadãos. A degradação ambiental questiona comportamentos e estilos de vida, modelos de consumo e de produção. Só uma "real mudança de mentalidade" salvará o Planeta. Divulguem-se modelos positivos que inspirem a educação para a responsabilidade ecológica.

D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa

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