Copio da página 26 de “Razões para o Amor” (editorial Missões, Cucujães), de Martín Desclazo:
«O pastor anglicano Douglas Walstall visitou, certa ocasião, o Papa João XXIII e esperava ter com ele uma profunda conversa ecuménica. Mas logo percebeu que o Pontífice queria era simplesmente “conversar”. De facto, logo nos primeiros minutos, este lhe confidenciou que ali, no Vaticano, “se aborrecia um pouco”, sobretudo da parte da tarde. As manhãs eram cheias com as audiências. Mas muitas tardes não sabia bem o que fazer. “Lá em Veneza – confessava o Papa – sempre tinha bastantes coisas pendentes; ou então ia dar um passeio. Aqui, a maioria dos assuntos os cardeais já mos trazem resolvidos, e basta eu assinar. Quanto a passear, quase não me deixam. Ou então tenho de sair com grande cortejo que põe em grande rebuliço toda a cidade. Sabe então que faço? Pego nestes binóculos – apontou para os que tinha na mesa – e ponho-me à janela a ver, uma por uma, as cúpulas das igrejas de Roma. Penso que à volta de cada igreja há gente que é feliz e gente que sofre; ancião solitários e pares de jovens alegres. Também gente amargurada ou esmagada. Então ponho-me a pensar neles e peço a Deus que abençoe a sua felicidade e console as suas dores”».
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