quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sexus obstat

Leio no último número da COMMUNIO (Janeiro-Março de 2009) um artigo de Joaquim Carreira das Neves sobre “São Paulo e as mulheres”. Começa assim:

“É frequente ouvirmos falar de S. Paulo como misógino, isto é, desfavorável em relação às mulheres. Como veremos, há vários textos nas suas cartas que parecem provar esta atitude. Aliás, foi por causa do que escreve na 1 Cor 14,34-36 que St. Teresa de Jesus (de Ávila) teve dificuldade em ser declarada doutora da Igreja. Pio XI, em 1932, achou que seria ousado semelhante declaração baseando-se, pelos vistos, em S. Paulo, ao pronunciar-se pelo sexus obstat. E quando Paulo VI a declarou «doutora da Igreja» viu-se na obrigação de interpretar favoravelmente o texto de 1 Cor 14,34-36. Mas a própria Teresa de Jesus, ao decidir reformar a Ordem das Carmelitas, em Ávila, pensou duas vezes se o devia fazer, já que o Apóstolo impunha o silêncio às mulheres. E acabou por fazê-lo porque, como escreve em Cuentas de conciencia 34: «Diles que no se sigam por uma sola parte de la Escruitura, que mire notas, y que si podrán por ventura atarme las manos». («Diz-lhes que não olhem apenas a uma partye da Escritura, que atendam também a outras, e [assim sendo], se poderão atar-me as mãos»).

Por outro lado, ninguém terá pronunciado uma sentença tão categórica a favor das mulheres como a de Gl 3,27-28: «Todos os que fostes baptizados em Cristo, revestistes-vos de Cristo mediante a fé. Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, Porque todos sois um só em Cristo Jesus»”.

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