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Numa crónica sobre o que pode ser um bom texto e com algumas sugestões implícitas sobre como elaborá-lo, Rui Tavares escreve, deixando mais dois exemplos de inspiração religiosa em matérias profanas:
“Por que raio serem supérfluos os adjectivos nos deveria privar do uso deles? Por franciscanismo literário? Não pode ser. S. Francisco de Assis era um exímio utilizador de adjectivos; as mais contemplativas das palavras, nascidas de uma espécie humana amadurecida que se libertou da pura acção e aprendeu a observar as qualidades das coisas. Será então por calvinismo literário.
O último objectivo do calvinismo literário é acabar com os pontos de exclamação. Que são desnecessários (mais uma vez) e ferem a vista e são apanágio de maus escritores. Mesmo que tudo fosse verdade, seria errado. Sim, os maus escritores abusam dos pontos de exclamação; mas querer proibi-los pode fazer de nós escritores medíocres”.
O texto intitula-se “Bom! Bonito! Barato!” e pode ser lido na última página do "Público" de ontem. Surge na sequência de manifestações pela abolição do ponto de exclamação (a favor da abolição, aqui e aqui; e contra, aqui). A reter: calvinismo literário.
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