sexta-feira, 28 de agosto de 2009

É por isso que ele é um génio

“Conta Cícero que Hipócrates, médico notabilíssimo, deixou escrito que suspeitava de que certos irmãos eram gémeos porque começavam a adoecer ao mesmo tempo e porque ao mesmo tempo melhoravam. Mas o estóico Posidónio, muito dado à astrologia, costumava afirmar que eles tinham nascido sob a mesma constelação e que sob a mesma constelação tinham sido concebidos. Assim o que o médico julgava que se ligava à grande semelhança de temperamentos, atribuía-o o filósofo-astrólogo à força e à disposição dos astros que se verificava no momento em que foram concebidos e no momento em que nasceram.

Neste caso é, à primeira vista, muito mais aceitável e crível a hipótese do médico, porque o estado de saúde do corpo dos pais quando se unem pode afectar os primeiros tempos dos concebidos, de maneira que, tendo os seus primeiros desenvolvimentos no corpo da mesma mãe, nascem com igual compleição. Depois, sustentados com os memos alimentos e na mesma casa onde, segundo o testemunho da medicina, o ar, a disposição dos lugares e as propriedades das águas exerceram uma grande influência, boa ou má, nos seus corpos tão semelhantes que as mesmas causas provocaram neles, no mesmo momento, a mesma doença.

Mas querer ligar a posição do céu e dos astros, que se verificou quando foram concebidos ou nasceram, a essa doença idêntica e simultânea, quando tantos seres diferentes na origem, no comportamento e no destino, puderam ser concebidos e nascer no mesmo instante, no mesmo país e sob o mesmo céu, constitui isso qualquer coisa de insólito que eu não sei qualificar”.


Excerto do Cap II do Livro V da Cidade de Deus, de Santo Agostinho (páginas 467-8 do volume 1 da edição da Fundação Calouste Gulbenkian)

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