O teólogo galego Andrés Torres Queiruga tem um ensaio chamado “Para unha filosofia da saudade” (Ourense, 2003). Em “Esperanza a pesar del mal”, que tenho vindo a ler mais intermitentemente do que desejava, resume-o e afirma:
“A saudade está constitutivamente aberta, é impulso originário em trânsito de concreção. Conforme prevaleça a presença sobre a ausência – a promessa de plenitude sobre a promessa do nada –, converte-se em esperança”. Ou, pelo contrário, converte-se em angústia, se prevalecem a angústia e a ameaça. Esta seria, aliás, a terminologia precisa: esperança e angústia são vivências dinâmicas que reflectem o ser no trânsito do homem e dão saída à incompletude da «saudade». São também vivências polares, uma vez que em toda a esperança há uma componente de angústia, como em toda a angústia há outra de esperança, e mostram bem a bipotencialidade da «saudade»”.
Imagem retirada de Além do Cubo Branco.