Não sou católico nem sequer crente. E, naturalmente, não frequento a missa. Não penso que isso me deva inibir de comentar questões religiosas, como não imagino que o facto de não saber como funciona um jornal o deva inibir a si de comentar o que eu escrevo.
Não atribua qualquer sentido pejorativo à expressão "coisa". Não tem.
O meu texto apenas chama a atenção para a contradição entre a comunhão (em sentido lato) que a missa representa (e o gesto simbólico para com o desconhecido do lado) e os cuidados de higiene agora recomendados. Cristo não recomenda distância no tratamento dos doentes, nem sequer dos leprosos, cujo contágio se sabia já ser arriscado.
Por isso falo antes do exemplo do polícia. O texto põe lado a lado duas atitudes (prudência e assunção de risco, prudência e solidariedade), ambas positivas e mesmo meritórias, e chama a atenção para a contradição. O máximo de prudência é contrário à solidariedade. Pelo meu lado penso - e o texto diz - que a religião deve preocupar-se antes de mais com a solidariedade. É apenas uma questão de ângulo de abordagem e de prioridade. E penso que é essa a mensagem cristã.
Ninguém sugere que a Pastoral da Saúde dê conselhos contrários aos da DGS. Não pode ter lido isso no meu texto. Mas o que a DGS faz, por correcto e necessário que seja, não tem de ser o papel da Pastoral da Saúde. É verdade que é da Saúde, mas por alguma coisa é Pastoral.
jvm