A Comissão Nacional da Pastoral da Saúde está a dar indicações às paróquias sobre cuidados a ter para evitar a propagação da gripe A (aqui). Parece que o Cardeal-Patriarca acha que está a haver algum alarmismo. Se os ritos foram feitos com “qualidade litúrgica” não há riscos por aí além (aqui). Mas o que me espanta são as considerações do jornalista do “Público” José Vítor Malheiros (edição de 21-07-2009):
“(…) Que o abraço da paz seja substituído por “um pequeno sinal ou inclinação de cabeça sem o contacto físico” já perece contrário ao sentido da coisa.
O sentido da missa é a comunhão. A reunião dos crentes, as orações em uníssono, só são importantes porque são sinais de comunhão – como a eucaristia é símbolo de comunhão, mesmo para aqueles que têm alguma dificuldade conceptual com a transubstanciação.
Que as Orientações para as Comunidades Cristãs da Pastoral da Saúde seja compatíveis com as indicações da Direcção-Geral da Saúde (DGS) sobre a gripe A é positivo, mas esperaríamos ver aí a tónica na solidariedade, na inclusão e na responsabilidade pessoal e institucional que a Pastoral tem abordado noutras ocasiões. As pandemias são uma excelente oportunidade para aprender a não contagiar e a não ser contagiado, mas da religião esperamos que venham não lições de higiene mas de humanidade. Mesmo, ou principalmente, em tempos de pandemia”.
Não questiono a sua qualidade para falar das celebrações litúrgicas católicas, porque, hoje em dia, qualquer um é especialista instantâneo de tudo, embora o facto de usar a expressão “sentido da coisa” (logo na primeira frase da citação) me leve a pensar que não é frequentador assíduo dos ritos católicos. Tal como a expressão “eucaristia é símbolo de comunhão” dificilmente será usada por um crente habituado a reflectir sobre aquilo em que acredita e que pratica…
Mas o que diria ele (ou outro colunista) se a Comissão Nacional da Pastoral da Saúde desse indicações contrárias à DGS? Recusaria(m) a oportunidade para denunciar que não poderá haver solidariedade sem higiene? Vou perguntar ao jornalista.