A afirmação de que os jornais não trazem nada de interesse é desmentida em cada edição que leio. Provavelmente, tal frase revela mais sobre a pessoa que a profere do que sobre a realidade e o reflexo dela nos jornais. Três exemplos no diário que sigo com mais atenção, relativos apenas a sábado e domingo (para além da nota já inserida sobre São Paulo):
Tecnociências e ser humano
Bento Domingues, no "Público" de 5 de Julho: “A pastoral da Igreja já compreendeu que não pode preocupar-se, apenas, com a aliança da cultura e da fé no campo da diversidade das expressões filosóficas e artísticas. As tecnociências, que estão a modificar a imagem que o ser humano tinha da sua própria natureza, da sua origem, das suas relações interpessoais, interpovos e com os outros seres vivos ou não, levantam novas questões à inteligência da fé e exigem um confronto entre diversas concepções éticas. Mediante o controlo da reprodução humana, do comportamento psíquico e das doenças, as tecnociências marcam já alguns aspectos da cultura do futuro. É preciso, para isso, que haja futuro”.
Fim da vida e ser humano
Matilde Sousa Franco, “a favor da humanização da morte”, citando Mons Feytor Pinto, no "Público" de 4 de Julho: “São inúmeras as questões que se levantam. Subsiste porém em todas elas uma preocupação dominante, a de servir o homem em crise e de lhe dar a esperança de que ele é capaz. Todos somos homens terminais, todos temos diante de nós a certeza da morte como acontecimento universal. Mas o doente terminal tem mais próxima a morte. O importante é ajudá-lo a viver esse momento como a síntese de toda a vida, com o sentido que marcou todos os caminhos já percorridos. O grande convite que é feito ao técnico de saúde é que, perante o doente terminal, se aproxime, pare, aceite ter tempo para escutar e acompanhe esse homem que sofre e que, em última análise, apenas espera uma outra mão para segurar a sua própria mão. É que a esperança de um amigo é sempre uma nova razão de esperança”.
Economia e ser humano
António Marujo, no "Público" de 5 de Julho: “Será finalmente publicada na terça-feira, após dois anos de expectativas e adiamentos, a terceira encíclica do Papa Bento XVI. Um texto onde o Papa aplicará os temas das duas encíclicas anteriores – o amor e a esperança – às questões sociais e no qual a crise actual será tema central (e uma das razões do adiamento). A mesma crise que mostra que devem “repensar” os modelos económicos e financeiros preponderantes”.