Escreve Maria João Avillez na página 113 da “Sábado” (2 a 8 de Julho de 2009):
“Segunda-feira, 29
Seria a mão do anjo, tão decisivamente interpelativa no seu anúncio? Seria o fulgor imperativo daquele gesto? A posição de Maria, sobre si mesmo sobrada de espanto a um canto do desenho? O sussurro do extraordinário diálogo que ali se operava? A espessura daquele segredo, o voo daquela pomba? Ainda hoje não sei. Só sei que, mal abri o pequeno catálogo desta exposição de Rui Sanches (Gratia Plena, na galeria João Esteves de Oliveira), telefonei de um avião pestes a descolar para a Turquia e disse ao João que o desenho tinha de ser para mim. Como se a mão erquida do anjo me tivesse também interpelado e de algum modo eu me visse subitamente envolvida na evocação do indizível mistério da Anunciação. Rui Sanches não sabe mas fui, de certeza. Agora o anjo vive connosco, mas é também comigo que ele fala, de uma das paredes cá de casa”.
O desenho não ilustra a opinião de M.J. Avillez, mas as palavras certas no Google permitem encontrar o grão de areia no meio da praia. Estava aqui.