(Primeiro parágrafo): “Este livro foi escrito para pessoas de diferentes convicções, religiosas ou não. Entretanto, não posso esconder aos meus leitores o facto de que sou sacerdote católico. Peregrinei longamente por caminhos e tradições não cristãs e até mesmo não religiosas e devo dizer que elas exerceram grande influência sobre mim e muito me enriqueceram. A verdade, porém, é que volto sempre à minha Igreja, porque ela é o meu lar espiritual. Tenho, por vezes, uma percepção bastante nítida das limitações de algumas estreitezas ocasionais – o que me deixa um pouco embaraçado –, mas isto nunca irá destruir o sentimento de que foi ela que me formou, me moldou e fez de mim o que hoje sou. É a Ela, portanto, minha Mãe, minha Mestra, que, amorosamente, dedico este livro”.
Anthony de Mello (Bombaim, 04-09-1931 – Nova Iorque, 02-06-1987) escreveu este livro porque “toda a gente gosta de «estórias»”. “O leitor encontrará muitas neste livro: budistas umas, outras cristãs, algumas Zen, outras da tradição hindu, chinesa, russa, etc. Umas são modernas outras são antigas”, afirma na introdução da obra. A primeira história, que de certo modo é a chave para entender todas as outras, é esta:
Coma você mesmo o seu fruto
E respondeu o Mestre: / “Se alguém te desse um fruto, / já meio comido e mal saboroso, / tu gostavas?”
O Canto do Pássaro | The song of the bird | Anthony de Mello | Ed. Paulinas, 1995, 200 páginas.