terça-feira, 16 de junho de 2009

Catequese paroquial

É curioso o uso do adjectivo “paroquial” com sentido pejorativo. Quando num artigo sobre política se fala de “visão paroquial”, “mentalidade paroquial”, “dimensão paroquial” ou se usam expressões semelhantes, quer-se referir a algo de vistas curtas, fechadas, limitadas, tacanhas. No entanto, “paróquia” tem subjacente a ideia de proximidade. É a igreja mais próxima das pessoas. “Paróquia” é quase sinónimo de comunidade. É onde uma pessoa se sente conhecida, querida. “Paróquia”, pelo menos para mim, tem um conteúdo positivo. Opõe-se a multidão, a indiferenciados, a massa, rebanhada. Quando se muda de terra, por exemplo, é quase sempre na paróquia que criamos laços.

Ontem no "Público" (15-06-2009), Isilda Pegado dava usa similar à palavra “catequese” e seus derivados, a propósito das últimas eleições: “Muitos foram os que catequizaram [contra o neoliberalismo]…”; “…outros, com o medo de se oporem a tão “brilhante” catequese, ficaram mudos…”; “…O povo, nas europeias, disse não à «catequese» socialista”. “A catequese serôdia do Estado intervencionista…”

“Catequese” tem claramente um sentido negativo: ideologia perniciosa, algo que se pretende inculcar, martelar, impingir, tentativa de manipulação, de engano. É outra palavra que no contexto religioso é positiva, mas a que se dá um uso negativo em contexto profano. Por mim, preferia que não dessem às palavras de origem conotações negativas. Que paroquial, catequese, missa, missão, sermão, capela… não tivessem conotações negativas. Que ao uso religioso dessas palavras não chegassem os sentidos negativos que têm quando são usadas em contextos profanos. Mas em relação a algumas delas já será impossível evitar que o sentido profano não se sobreponha ao uso genuinamente religioso.

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