sábado, 23 de março de 2013

Anselmo Borges: "Quando o nome pode ser todo um programa"


Texto de Anselmo Borges no DN de hoje.

Não foi para mim completa surpresa o cardeal argentino Bergoglio, jesuíta. O que constituiu surpresa foi a escolha do nome: Francisco, sugerido pelo colega, cardeal Hummes, de São Paulo, quando o abraçou e lhe disse: "não te esqueças dos pobres." O Papa Francisco explicou: "Essa palavra entrou aqui (apontou para a cabeça): os pobres. Pensei imediatamente em Francisco de Assis. Assim surgiu o nome no meu coração." E exclamou: "Ah, como gostaria de uma Igreja pobre e para os pobres", provocando a ovação dos jornalistas.

E as suas palavras e gestos têm correspondido ao que o nome de Francisco de Assis representa. A simplicidade não teatral, até no vestir e calçar, inclinar-se perante a multidão, a fala cordial e descomplicada, uma cruz peitoral barata, o desejo de "bom descanso" e "bom almoço", ir pagar as despesas de hospedagem, o humor, palavras de ternura e compaixão: isso aproximou-o das pessoas, que agora se podem aproximar, pois é um homem entre homens e mulheres, como Cristo. "Cristo é o centro; o centro não é o sucessor de Pedro." Afinal, a Constituição da Igreja é mesmo o Evangelho e não o Código de Direito Canónico.

Sublinhe-se o seu respeito pela liberdade de consciência. "Tinha-vos (aos jornalistas) dito que vos daria de todo o coração a minha bênção. Muitos de vós não pertencem à Igreja Católica, outros não são crentes. Dou-vos de coração esta bênção, em silêncio, a cada um de vós, respeitando a consciência de cada um, mas sabendo que cada um de vós é filho de Deus. Que Deus vos abençoe."

No passado dia 12, frente àquela pompa toda dos 115 cardeais a entrar na Capela Sistina, para o conclave, perguntei-me pela simplicidade do Evangelho e sobretudo quem representava as mulheres, as famílias, os jovens, os católicos em geral. A Francisco de Assis pareceu--lhe uma vez, numa pequena ermida, ouvir dos lábios de Cristo crucificado: "Francisco, repara a minha Igreja, que ameaça ruína." Espera-se que o Papa Francisco refaça o rosto da Igreja tão desfigurado. No quadro de uma Igreja-instituição descredibilizada, que reforme a Cúria Romana, tornando-a ágil, transparente e colegial. Significativamente, Francisco tem-se referido a si mesmo como bispo de Roma e não como Papa, transmitindo a mensagem de que quer descentralizar, tornando eficaz a colegialidade dos bispos: ele exerce o ministério da unidade numa Igreja solidariamente co-responsável. Francisco tem força e determinação para acabar com os escândalos da pedofilia, do Vatileaks, do Banco do Vaticano.

O peruano Vargas Llosa, prémio Nobel da literatura, agnóstico, pensa que Francisco "parece moderno" e espera que "inicie o processo de modernização da Igreja, libertando-a de anacronismos como não tratar temas como o sexo e a mulher". Francisco de Assis impôs-se também pela fraternidade. Como poderá então Francisco Papa esquecer mais de metade dos católicos, as mulheres, ainda discriminadas na Igreja, povo de Deus? Um pormenor: dirigiu-se ao povo como irmãos e "irmãs". E como pode não proceder a uma revisão da atitude da Igreja face ao corpo e à sexualidade? Aí está a questão dos anticonceptivos, do celibato obrigatório - neste do- mínio, talvez comece pela ordenação de homens casados. Neste contexto de fraternidade franciscana, pode contar-se com a sua luta pela justiça, pelos direitos dos pobres, dos mais débeis, para que todos possam realizar dignamente a sua humanidade. O meio ambiente, os problemas ecológicos, a preservação da natureza, criação de Deus e habitação da humanidade não serão esquecidos.

Em tempo de cruzadas, Francisco de Assis pôs-se a caminho para ir dialogar com o sultão no Egipto. Francisco Papa não abandonará a urgência da continuação do diálogo ecuménico entre as Igrejas cristãs e do diálogo inter-religioso e intercultural. Francisco Papa, um sul-americano com raízes europeias e o responsável máximo pela Igreja católica, organização verdadeiramente global, ocupa um lugar privilegiado para estabelecer pontes entre nações e povos e culturas, a favor da justiça e da paz, num mundo cada vez mais policêntrico e multipolar.

Há razões para uma esperança paciente.

26 comentários:

Anónimo disse...

Gaba-te velhaco!: «Não foi para mim completa surpresa o cardeal argentino Bergoglio». Fazer profecias "ex eventu" até as galinhas fazem: "já sabia que ia fazer titica".

Anónimo disse...

«Espera-se que o Papa Francisco refaça o rosto da Igreja tão desfigurado». Também graças a ti, ó pseudo-católico!

Anónimo disse...

Só um traste aceita que se diga que é verdade que na Igreja não se «trata temas como o sexo e a mulher».

Anónimo disse...


"A Francisco de Assis pareceu-lhe ouvir". Pareceu-lhe, pobre Francisco, que tinha ilusões auditivas que a ciência e a psicologia modernas já esclareceram.

Este Anselmo nunca deixará de ser um pulha.

Rui Jardim

Jorge Pires Ferreira disse...

Como é possível quatro sentiram-se logo incomodados. Ou será o mesmo, Rui Jardim?

Anónimo disse...


Caro Senhor,

já viu a quantidade de comentários que eu deixei e deixo no seu blogue? E a quantidade de coisas menos acertadas que me arrisquei a escrever? Acha mesmo que eu ia assinar comentários anónimos?!

Acha que eu chamo a alguém "pseudo-católico", uma expressão tão gasta e desengraçada?

Com todos os meus defeitos, acho que já lhe dei alguma prova de galhardia e um módico de boa fé.


Se a minha presença neste blogue lhe é incómoda basta dizer-me e não apareço mais, já lhe disse. Mas detesto comentários anónimos e , desculpe dizer-lhe, acho que essa insinuação não lhe fica mesmo nada bem.


Rui Jardim

Jorge Pires Ferreira disse...

Caro Rui Jardim, a sua presença não me incomoda de modo nenhum. A de alguns anónimos, quando insultam, sim, incomodam-me, mas mesmo assim sou pelo direito de continuarem a falar.

Desculpe-me se pensei, porque pensei, que o Rui primeiro escreveu como anónimo e depois como Rui. Aceite o meu pedido de desculpas. Passo a pensar que assina sempre.

Só isso.

Anónimo disse...


Desculpas aceites. Agora vejo que as horas dos comentários são muito próximas, mas acredite mesmo que assim não foi.

Rui J.

Anónimo disse...

Anselmo Borges engoliu uma cassete e carrega (ou alguém carrega por ele) o botão do costume. Não sei em que mundo ele vive, a minha mãe, irmã, tias, primas, avós, amigas etc, todas mulheres todas católicas nunca se sentiram prejudicadas na Igreja (será que é porque nunca tiveram o desejo de serem padres??!!!!). Outro tema da cassete é a questão da pobreza, só que eu acho que ele está a ver mal o filme, se há alguem que tem tratado desse assunto é precisamente a Igreja (ou então não sei qual é a Igreja dele, a mensagem do Papa não se dirige a uma organização em abstrato mas sim - isso sim - a cada um de nós ( e tb a Anselmo B.) em concreto e no dia a dia enquanto católicos. isso é que doi!!!e custa!!, sair do quentinho e ir ter com eles. mas tb não basta ir ter com eles mais por uma questão ideologica e narcisica e depois andar a atirar pedras aos outros!!(...'de nada vale se não tivermos caridade'...) Chego à conclusão que Anselmo Borges vive num mundo à parte onde o sexo é uma 'obsexão' e o serviço na Igreja é visto como uma forma de poder a que só uns é que têm acesso. espero que estes elogios ao Papa não tenham água na boca, aliás como muitos que temos assistido nos ultimos dias e rapidamente se voltarão contra o desgraçado 'Francisco' assim que ele tiver que, com coragem, mostrar que não segue a agenda da cassete.
jacome

Anónimo disse...

Basta ir assistir a uma missa presidida por este paspalho em Nevogilde, na Foz do Porto, para se saber que dele só se aprende disparates. Já todos o reconhecemos, mas temos que o gramar na mesma.

Anónimo disse...

Corroboro totalmente o que o anónimo anterior diz das missas do sr. Padre Anselmo Borges. Ouvindo-o, parece que estamos a ouvir falar de outra religião: o pecado, não existe (é tudo boas-intenções mal "canalizadas"); as mulheres são mal-tratadas na Igreja (nunca me senti mal-tratada); a Igreja só pode ser a Igreja dos pobres (só é pena, então, que venha celebrar à nossa capela onde pobres não há); etc.; etc.

Maria Amélia Muchia

Anónimo disse...

Meus queridos cristãos,

«velhaco» (anónimo), «pseudo-católico» (anónimo), «traste» (anónimo), «pulha» (Rui Jardim),«leitor de cassetes», libertino sem sentido do real (jacome, Maria Amélia Muchia)... isto é só amor fraternal, ou andam a fingir e no fundo odeiam mesmo o homem como bons cristãos?

Paulo Carvalho

Anónimo disse...

Gostei, Paulo Carvalho!
Nem os fariseus trataram assim Jesus Cristo...
Toneladas de ranço fundamentalista são atiradas para cima de Anselmo Borges. Qual a razão?
Anselmo Borges desinstala? Inquieta? Foge a cassetes mil vezes repetidas? Tira as pessoas do "quentinho" da sua acomodação?
Discorde-se dele, mas tendo presente que a caridade é a maior...
Jaime Silva

Anónimo disse...

Por outro lado Jesus chamou a algumas pessoas de ""raposa"; "filhos do demónio"; "sepulcros caiados"; "hipócritas".

Anselmo Borges mente e engana. É por isso que certamente há tantas pessoas descontentes com ele.

Anónimo disse...

Último anónimo (se antes não reagir outra pessoa, com ou sem nome),

fez bem em mostrar que Jesus era um homem, que se indignava, se enfurecia, se descontrolava e não aquela figura seráfica que por vezes se representa. Mas ele fazia-o em nome da liberdade, contra a lei, o que o vemos aqui são ataques à pessoa e não propriamente às suas ideias. «Atire a primeira pedra quem...». Ele, Jesus, lá sabia. Porque não admitirmos que Jesus também «pecou» (sim para mim o pecado também não existe, na medida em que fixar-me nele é não libertar-me para ir a outros lugares)? Seria uma boa forma de desconstruir os endeusamentos idólatras que tantas vezes se fizeram em nome da ortodoxia e caminhar, deste modo, para uma visão mais sã da vida, mais alegre, capaz de dança, do que aquela das normas morais. «O sábado para o homem, não o homem para o sábado...».

Quanto a Anselmo Borges enganar e mentir... Bem ele escreve e nisso é claríssimo, não pode mentir. Se o conhece pessoalmente, e as palavras não coincidem com os actos, isso é outra coissa: vá falar com ele, antes de vir arrear no homem com os outros: é o que recomenda o evangelho. Mas olhe que, enquanto meu professor na faculdade, discordei muitas vezes dele, mas o meu «descontentamento» nunca fez nascer em mim a necessidade de o agredir verbalmente. Aliás, aquilo a que aqui se assiste não é caridade, nem sequer agressão verbal, seria cobardia - porque, obviamente, o senhor não anda por estes lados para se defender... se o ataque e a defesa fossem o meu jogo. E esse não é o meu jogo. O meu jogo é o da «liberdade da alma» (Espinosa, Gabriela Llansol)...

Paulo Carvalho

Anónimo disse...

Não é ele q nós tira do quentinho, o Papa Francisco é que nós tira, tal como Jesus e todos os Papas. Tivesse ele vivido 2000 anos e vivesse mais outro tanto a cassete seria sempre a mesma. Sinto-me insultado, num mundo onde a sexualidade é um produto de consumo e a pornografia chega a tudo até aos nossos filhos, se há quem proponha uma sexualidade equilibrada e respeitadora do outro é precisamente a igreja. será q AB qd fala em colegialidade se refere a criar-se uma estrutura com 'representacao popular' tipo regime cubano ? Ou uma coisa democrática onde os bispos seriam eleitos, para isso teriam de fazer campanha, e aquele comportamento típico entre adversários políticos passaria tb a fazer parte da vida na igreja? Anselmo Borges o senhor tem ideias gastas e sempre às mesmas, nem sequer é criativo e interessante e no dia em q elas entrassem na nossa Igreja seria o seu fim...
Jacome

Anónimo disse...

Ah, e ainda Último Anónimo (quando vão as pessoas assumir as suas palavras através do nome?),

admitamos: tirando o hipócritas, que é muito directo, "raposa", "filhos do demónio", "sepulcros caiados", seja da lavra de Jesus ou do hagiógrafo é esteticamente muito mais interessante, do que «pulha» e quejandos, não concorda?

Paulo Carvalho

Anónimo disse...

«Mas ele fazia-o em nome da liberdade, contra a lei, o que o vemos aqui são ataques à pessoa e não propriamente às suas ideias». Quem lhe diz isto? Onde foi buscar esta ideia? Que liberdade? Que lei?

Sabe? Anselmo Borges não defende a liberdade, mas o libertinismo à sua imagem e semelhança. E olhe que não: o que é dito da sua pessoa (tal como fez Jesus) decorre das suas ideias. Ou julga que há ideias sem pessoa? Não preciso de ser santo para ver os erros dos demais. Vejo-os mesmo reconhecendo-me pecador, mas não mentiroso nem aldrabão. E isso é o que é Anselmo Borges. Sem tirar nem pôr.

«Para mim o pecado também não existe». Pois é: sem admitir que o pecado existe, nunca se liberta dele. Mas qual a minha admiração? Só mesmo um herege admira um outro herege.

Pior do que «os endeusamentos idólatras que tantas vezes se fizeram em nome da ortodoxia» só mesmo os os endeusamentos idólatras que tantas vezes se fizem, como é o caso de Anselmo Borges, em nome da heterodoxia mais herética.

Sim. Sim. Conheço o traste pessoalmente e já lhe disse o que penso dele. Virou-me imediatamente as costas dizendo que «não converso com ignorantes». Pensava que o ensinar os ignorantes era consequência da viver o amor cristão. Mas um herege só se serve da fé; não serve a fé. Guarde-se no seu jogo. Mas não queira que os outros o joguem nem impeça que joguemos o que quisermos. O cristianismo é, todo ele, anúncio e denuncia. É o que faço com este traste chamado Anselmo Borges.

Anónimo disse...

Não, não acho, ó pseudo-Paulo Carvalho (nome falso como o demónio). A estética é uma treta. É uma cosmética. Prefiro o cósmico. O ontológico e nesse caso "pulha", "traste", "palhaço", etc. são bem mais adequados a Anselmo Borges e a todos que o querem defender quando o que ele faz é atacar a Igreja e a fé dos cristãos que amam a Igreja mesmo com todas as suas deficiências (que só são incrementadas por Anselmo Borges).

Carlos Soares disse...

Concordo com o Padre Anselmo em praticamente tudo. O que a Igreja precisa é de uma reforma de alto a baixo, incluir a democracia no seu funcionamento, permitir o usufruto da sexualidade seja de que forma for, ordenar homens casados, mulheres. Abolir simplesmente as dioceses, os bispos, regressar a uma igreja que se reúne na casa deste e daquele, para cantar salmos e ouvir a Palavra.

A Igreja da Suécia tem em Estocolmo uma "bispo" lésbica, casada e com um filho, e ninguém nega o dinamismo e a relevância que o Evangelho tem nos países escandinavos.

O Importante é o Evangelho, certo?

Anónimo disse...

Umas ideias soltas, inspiradas pelo Riso de Deus... ou do demónio, não sei (sim, tal como esse maluco do Nietzsche não creio num deus que não saiba dançar, voilá):

- Jesus foi um herege (blasfemo) da sua religião, o Judaísmo - e precisamente por atentar (na visão de alguns) contra a Lei.
- «O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado»: é desta lei que falo, é desta liberdade que falo.
- Não seria Jesus considerado hoje um herege na Igreja Católica? (Leia-se a fábula do Inquisidor-Mor, constante n'Os Irmãos Karamasov, de Dostoievski). Estou certo que sim, que seria: ele não excluía, incluía; não excomungava, chamava à mesa os reles, olhe, os trastes...; e era censurado por isso. Também não acreditaria na infalibilidade do Papa, estou certo, porque isso seria desacreditar de uma vez por todas na humanidade (já vê: a suposta Vontade de Deus - interpretada só por alguns - e a Verdade Absoluta -imposta - também não fazem parte do meu léxico; porquê: porque em nome de Deus se continua a odiar; confira nos seus próprios comentários - Quod Erat Demonstrandum. Se isto não é azedume, ódio, nojo, então... é medo, medo de se por em questão, de perder as suas certezas cómodas.
- Insinua que não me chamo como me chamo? Entendi bem? Como sabe que não me chamo Paulo Carvalho? Sabe mais do que eu.
- Quanto ao demónio, vou já fazer-lhe a minha oração da noite: «Demónio da Guarda, minha companhia, guardai a minha alma de noite e de dia.» Já se benzeu, Sr. Anónimo? Já disse o vade retro?
- Não só disse que o pecado não existe, como disse que Jesus pecou: fogueira já comigo!
- A estética - será o mesmo anónimo, esse ser excepcional autor de quadros de todos os séculos e obras magníficas, desde a pornografia aos evangelhos apócrifos? - a estética é uma treta, a arte é uma treta, vamos lá queimar toda a talha dourada, todos os santos de altar (bolas, agora fui promovido a iconoclasta), todos os grandes quadros de grandes pintores, partir todas as Pietás de todos os Michelangelos, toda essa treta estética. Ah e não se esqueça de cuspir para todas as moças bonitas - o demónio disfarçado, claro - por que passar na rua e no trabalho.
- Ah, amanhã vou à missa negra celebrada pelo herege Frei Bento, essa Besta Apocalíptica, esse 666, ameça tenebrosa da Santa Madre Igreja, pia e santa e imaculada, ou que se reconhece ímpia e pecadora e maculada,para poder malhar naqueles que ainda não o são. Não falo de si, claro, falo da Igreja, essa abstracção de costas largas, esse saco onde se pode mor o sim e o não, ou gatos assanhados, todos catolicíssimos... cristãos, não sei.

Excedi-me, eu sei. Não lhe quero mal, acredite. Mas do mal o menos: não lhe chamei nomes. Brinquei, como Jesus, já agora, bricou tantas vezes. A um até chamou Calhau, veja só. É o Calhau que agora o representa? Não, Pedro morreu há cerca de dois mil anos. Esta passagem monárquica de testemunho veio depois...

Enfim, entusiasmei-me (entrei em Deus, ou Deus em mim, ou masquei folhas de louro como a Sibila?)... Obrigado, caro Anónimo. Soube bem esta possessão, seja lá do que tiver sido.

Paulo Carvalho (acho)

Anónimo disse...

Caro Anónimo dialogante,

Ups, uma recaída! As folhas de louro deviam ser daqueles que batem duas vezes...

Então, não é que me esqueci:
- Quem lhe disse que admiro o herege Anselmo? E, se o admirasse, seria pecado? E não acreditando eu no pecado estarei pecar contra o Espírito? E admirar (pôr no pedestal) não será em todo o caso idolatrar? Os católicos que olham para cima, para o Papa estarão a idolatrá-lo? Vai confessar-se por ter chamado pulha ao Anselmo, ou por estar o Anónimo, neste caso, a defender a Igreja já não é pecado? Ou sendo pecado, confessando-se, deixa de cair nesse pecado? É que eu não considerando o pecado pecado, diz, cairei sempre nele. E o Anónimo, quando confessa um pecado, deixa de o cometer? Se sim, anulará em breve a sua condição de pecador; se não, bolas... a sua vantagem não é muita. A não ser quando chegarmos às portas do céu... mas isso a Deus cabe, não é?

Paulo Carvalho

Anónimo disse...

«O que a Igreja precisa é de uma reforma de alto a baixo, incluir a democracia no seu funcionamento, permitir o usufruto da sexualidade seja de que forma for, ordenar homens casados, mulheres. Abolir simplesmente as dioceses, os bispos, regressar a uma igreja que se reúne na casa deste e daquele, para cantar salmos e ouvir a Palavra».

Nesse dia a Igreja deixaria de ser a Igreja de Cristo e passaria a ser a igrejinha do seu umbigo ó Carlos Soares.

Anónimo disse...

Quanto ao Paulo Carvalho, nome que não existe pois ninguém assinaria um nome tão vulgar e falso, nem vale a pena mais uma palavra. Guarde-se na sua estupidez e que Deus, ou o demónio, o abençoe. Não me preocupa minimamente. Nem ao Céu. Quanto ao Inferno, aí as coisas são diferentes. Mantenho tudo o que disse. Vê-se logo, pela associação entre Anselmo Borges e frei Bento, de que lado vem a sua inspiração.

Jorge Pires Ferreira disse...

O Paulo Carvalho é das poucas pessoas que comentam aqui e que conheço pessoalmente. E também é conhecido - para os que o conhecem, claro - pela sua exigência e seriedade intelectual, pelo menos.

O comentário do anónimo das 11:10 só o deixam, ao anónimo, mal. Seja quem ele for. E pelo menos ele, anónimo, sabe quem é. Que é o que interessa.

Anónimo disse...

Os blogs são interesantíssimos! Aqui vai, um exercício:conheci poucos católicos praticantes, até hoje. Conheci ainda menos, famílias católicas praticantes, até hoje. A maioria (-larga maioria!), de padres; seminaristas; ex-padres;ex-seminaristas,são pessoas que eu me apercebi, não terem uma história de vida católica. Explico: não rezam ou não foram ensinados a rezar, orações católicas; não foram habituados a reconhecer a importância da eucaristia; nunca foram incentivados, a cultivar a leitura dos "clássicos" católicos; sempre estiveram alheados, das realidades litúrgicas. Assim constato, que uma larga maioria, dos católicos que eu conheço, são pessoas sem raízes católicas e intelectualmente, exclusivamente "formatadas", por uma nova cultura católica, surgida nos anos sessenta, que se alicerça essencialmente, numa cultura académica francesa e alemã(-de muito iluminismo,protestantismo e neo-marxismo!).Isto é uma constatação, clarinha para mim. Dou pois, graças a Deus, pela minha cultura católica portuguesa imperfeita! Imperfeita, mas como já pude constatar, em três continentes onde vivi, católica. Uma Santa Páscoa, Tribo de Jacob :) p.s.-não me escandaliza, um católico guerrear contra marxistas, maçons, positivistas, materialistas, etc. Acho até sinal de saúde espiritual e intelectual.

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