terça-feira, 2 de outubro de 2012

Banco quer mais fé para aumentar os rácios


Um banco que noutro milénio era conhecido pela ligação a uma certa obra da Igreja envia uma newsletter aos seus clientes com o título “Fides et ratio”. Procurei referências à “fides”, para além do título, e não encontrei. O texto fala, aliás, mais da “irratio” do que da ação da “fides”. Cito:
A crise europeia da dívida soberana leva já um imenso rasto de bizarras ocorrências. A mais recente consistiu na materialização de taxas de juro negativas nos instrumentos de dívida pública de alguns países europeus. Fundada pela Suíça, esta excêntrica agremiação chegou a contar com a Alemanha, a Holanda e a Finlândia. Os tempos conturbados que vivemos habituaram-nos a esperar o inesperado, mas taxas de juro negativas são uma aberração que testa os espíritos mais preparados. A noção de que as taxas de juro, como preços que são do dinheiro, possam assumir valores inferiores a zero é tão contranatura quanto a ideia de que os cabeleireiros paguem aos clientes pelo privilégio de lhes cortar o cabelo.
No contexto português, falar de bancos abre quase sempre espaço para referências pneumatológicas. Mas evito-as aqui, ainda que muitos acionistas do banco que enviou a newsletter tenham saudades do tempo em que a instituição era liderada por aquele que chegou a ser apelidado de “banqueiro catequista”. É que, se só a “fides” salva, também é verdade que uma “fides” sem obras é morta. E quem diz obras, diz ações. Ora, com ações que não valem quase nada, dificilmente se consegue empreender os altos voos de que falava João Paulo II no início da “Fides et ratio”. Precisamos de boas ações para animar a "fides".

Como todos os economistas dizem,  em grande parte a crise económica é uma crise de confiança, uma crise fiducial. Será que o Ano da Fé, quase a começar, é o princípio do fim da crise? De boas, grandes, altas ações? Ano da Fé, melhores rácios?

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